TRANSMETROPOLITAN – DE VOLTA ÀS RUAS
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Warren Ellis (roteiro), Darick Robertson (desenhos), Jerome K. Moore, Keith Aiken, Ray Krissing, Dick Giordano, Kim DeMulder e Rodney Ramos (arte-final) e Nathan Eyring (cores).
Preço: R$ 45,00
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Março de 2010
Sinopse
Spider Jerusalém odeia as pessoas e vive nas montanhas, até ser obrigado a cumprir um contrato e escrever dois livros. E como ele só consegue escrever na cidade, precisa voltar ao lugar que o inspira, aterroriza e enoja.
Positivo/Negativo
Eis o melhor trabalho de Warren Ellis. Quem discordar disso, há de concordar, ao menos, que é o mais autêntico do roteirista inglês.
Spider Jerusalém fala como Warren Ellis em seu site e no Twitter. Os xingamentos, a atitude de "foda-se" ligado no máximo, a onipresença do cigarro e a fé no poder do próprio texto são elementos que aproximam as duas figuras.
Mas nem só de Warren Ellis se faz um Spider Jerusalém. Na primeira história deste encadernado, quando resolve voltar à cidade, o aspecto físico do personagem é de Alan Moore; e a sua personalidade e atitude reclusa trazem ecos do pensamento do norte-americano Henry David Thoureau (autor da obra Desobediência civil).
Outra referência obrigatória em uma "necropsia da criação" do personagem é Hunter S. Thompson, considerado o pai do jornalismo gonzo, que prega a voz do jornalista e sua experiência como parte essencial da matéria. Assume-se a parcialidade e escreve-se a matéria.
Thompson, assim como Spider Jerusalém, costumava usar drogas das mais diversas para viver de modo um tanto particular as situações que pautavam suas matérias. E o personagem criado por Ellis tem uma mira firme em todas as suas atitudes: a descoberta da verdade.
Transmetropolitan é a história desse homem em paradoxo, que odeia e necessita da cidade, arremessado em um cenário futurista - a ficção científica é um dos gêneros favoritos de Ellis. É bastante interessante que o leitor faça a comparação de qual era o futuro em 1997, para perceber como a noção de inovação tecnológica pode mudar em uma década.
Além de um personagem fantástico, em um cenário instigante, Ellis ainda produz histórias espetaculares, com questionamentos profundos, sem deixar o bom humor de lado.
O que Spider assiste na TV e Deus vai de carona são das melhores narrativas já escritas pelo roteirista britânico. A segunda guarda relações bastante evidentes com a passagem bíblica de Jesus escorraçando os vendilhões no templo.
O desenhista é Darick Robertson, dono de um traço ágil, expressivo e com bons enquadramentos. Seu casamento com a série é tão bom que é difícil imaginar Spider Jerusalém com outro artista.
A edição brasileira da Panini é caprichada: capa dura, boa impressão, papel de qualidade. Isso somado à alta qualidade do conteúdo torna o alto preço mais aceitável. Fazem falta outros textos complementares. O próprio Warren Ellis escreveu pequenas colunas que foram publicadas pela editora anterior da revista no Brasil, a Brainstore.
Aliás, vale um aviso ao leitor: o material desta revista já saiu no Brasil nos três números publicados pela Tudo em quadrinhos e pelas três edições iniciais da Brainstore.
Transmetropolitan é uma das séries que consolidaram os rumos do selo Vertigo nos Estados Unidos. É de se esperar que possa fazer o mesmo por aqui.
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