Trillium
Editora: DC / Vertigo - Edição especial
Autor: Jeff Lemire (roteiro e arte) – Originalmente publicado em Trillium # 1 a # 8.
Preço: US$ 12,99
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Agosto de 2014
Sinopse
No ano 3797, a botânica Nika Temsmith trabalha com pesquisa de espécies incomuns numa remota estação espacial na área mais afastada do espaço colonizado. Enquanto isso, em 1921, o renomado explorador inglês William Pike lidera a expedição nas florestas do Peru em busca de um templo perdido dos Incas. Ainda que estejam tão distantes um do outro, eles irão se encontrar.
Positivo/Negativo
Trillium é um material tão estranho, confuso e perplexo, que ele “persegue” o leitor.
Como as produções de David Lynch ou os textos de Ray Bradburry são coisas que voltam quando menos se espera e provocam epifanias polvorosas conforme o leitor percebe que já vira algo que elucidava ou remetia a tal questão em algum lugar.
E como os autores citados no parágrafo anterior, não adianta querer absorver tudo que existe ou pode existir na HQ de uma única tacada. É preciso degustar, atacar pelas beiradas e tomar seu tempo.
Talvez reler uma, duas vezes antes de decidir se entendeu de fato.
Talvez esperar mais alguns anos para decidir se realmente entendeu.
Trillium é assim.
Belamente caótica, brilhantemente confusa.
É Jeff Lemire em sua melhor forma. Com certeza, um material obrigatório para todo leitor que goste de ficção científica de boa qualidade.
É importante destacar, porém, que a arte de Lemire causa estranhamento. Sem dúvida, não é linda e bem definida como algo feito por outros artistas (como o belíssimo traço de Matteo Scalera em Black Science, também focando na ficção científica), mas isso está longe de diminuir a qualidade do trabalho.
De fato, é um traço mais feio (inclusive que em outros dos trabalhos do próprio autor, que se vira melhor com cenários mais intimistas e perspectivas familiares). Ainda assim, Lemire compensa – e muito – com seu roteiro coeso e bem definido. E, como em outros de seus trabalhos autorais, faz o melhor uso possível de seu estilo artístico.
Lemire, como lhe é comum, faz algo intimista e projeta numa grandiloquente e fantástica aventura o espaço, para desafiar uma poderosa reflexão sobre a vida e a sociedade.
Classificação