Já virou tradição os personagens de Mauricio de Sousa estrelarem edições especiais sobre as Olimpíadas. Mas Uma aventura olímpica com a Turma da Mônica, lançada em celebração aos Jogos de Londres, subiu ao pódio com a medalha de ouro.

Com menos didatismo e mais humor do que suas antecessoras, esta edição promove ainda um interessante passeio turístico pela capital inglesa, fazendo-o necessário ao desenvolvimento da trama, ao transformar vários pontos turísticos da cidade em esconderijo para os anéis mágicos (que formam o colorido símbolo olímpico).

E é nesse passeio - nada calmo e bastante frenético - que os cenários e situações se tornam um prato cheio para o humor, principalmente os infames trocadilhos que viraram uma das marcas registradas das HQs escritas pelo roteirista Flavio Teixeira de Jesus.

Referências textuais e visuais à literatura e à cultura pop também desfilam pelo gibi.

Algumas são mais fáceis de identificar, como Mônica e seus amigos atravessando, em fila indiana, a mais famosa faixa de pedestres da história da malha viária mundial, aquela mesma que foi imortalizada na capa do disco Abbey Road, dos Beatles. Mas o corvo que não para de dizer "Nunca mais" só fará sentido para quem leu The Raven (O Corvo), a obra mais famosa de Edgar Allan Poe.

Tudo isso com a participação de muitos vilões do universo da Turma da Mônica, incluindo o Capitão Picolé, personagem criado por Mauricio de Sousa quando o desenhista ainda era criança e que nos últimos tempos tem feito pontas em HQs especiais como esta.

Na última página, o leitor encontrará as primeiras "cenas pós-créditos" dos quadrinhos da galera do Bairro do Limoeiro, uma brincadeira do roteirista para, possivelmente, satisfazer o desejo do Cascão, na página 11. Mas não se engane: os desenhos da edição, creditados a uma tal "Lapiseiravision", são apenas uma troça com Panavision.

Só não deu para entender a inclusão de dois anúncios institucionais idênticos, com intervalo de apenas uma página entre eles. Um deles, seguramente um "calhau" (jargão jornalístico para "tapa-buraco"), poderia muito bem ser substituído por uma galeria de esboços ou, melhor ainda, um texto explicativo sobre as muitas referências espalhadas pela HQ - algo que foi feito, por exemplo, nas minisséries da Tina -, o que não limitaria apenas aos leitores adultos (ou àqueles com mais conhecimentos de cultura geral) o entendimento de ótimas sacadas.