Uma Morte Horrível
Editora: Nemo – Edição especial
Autora: Pénélope Bagieu (texto e arte) – Originalmente publicada em Cadavre Exquis.
Preço: R$ 40,00
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Abril de 2016
Sinopse
Uma garota meio desorientada e sem muita ambição trabalha como hostess e modelo de eventos, enquanto sustenta um namorado vagabundo. Mas tudo muda quando ela encontra um encantador senhor de meia-idade que nunca sai de casa.
Positivo/Negativo
Pénélope Bagieu é uma quadrinhista muito conhecida na França, e que até agora não havia dado as caras por aqui. Agora, a Nemo, que vem trazendo vários títulos europeus ao Brasil, ajudou a mudar isto com este álbum cheio de reviravoltas.
A história gira em torno de Zoé, uma mulher de vinte e poucos anos que trabalha em subempregos para sustentar a si mesma a ao namorado que só fica em casa na frente da televisão.
Não contente em ser um grande vagabundo, o rapaz ainda maltrata Zoé e a trata como sua empregada. Em suma, uma vida péssima.
Mas isso muda quando ela sai de uma feira, pede para usar o banheiro de um homem mais velho e acaba se apaixonando por ele. Mas o cara tem um segredo muito importante, que faz com que jamais saia de casa.
Qualquer coisa além disso será spoiler. Portanto, só comentários técnicos sobre a obra a partir de agora, já que a principal graça dela está justamente nas reviravoltas do roteiro.
E que reviravoltas! Bagieu consegue atrair o leitor para uma ideia e, na página seguinte, apresentar um desenrolar completamente inesperado. Talvez esta seja a principal força do álbum: a capacidade de surpreender. É uma mistura muito equilibrada de suspense e bom humor, entre intrigas e romance. E o mais importante: nada é o que parece ser.
O problema, porém, é que muitas vezes a autora parece se preocupar mais com o final (ou as reviravoltas até lá) do que a construção de seus protagonistas. Assim, fica um ar de “isso não faz sentido” em vários momentos – principalmente no desfecho.
Ao mesmo tempo em que não se consegue prever o final, também se desconfia que determinadas personagens tomassem aquele tipo de decisão.
O desenho da autora também é sensacional, pois contrasta com o tom de suspense da obra e acerta direitinho no tom de romance. E como é uma história multifacetada, o tom fofinho do traço ajuda a desenvolver as personagens, ao mesmo tempo em que auxilia na missão de surpreender o leitor. As cores pastéis inserem leveza e evidenciam o caráter despretensioso e divertido da obra.
Enfim, se Pénélope Bagieu fosse roteirista de cinema, teríamos mais prazer com a sétima arte.
Uma morte horrível é um bom álbum, com uma premissa e reviravoltas interessantes. Mas a autora peca por privilegiar a trama em detrimento das personagens.
Classificação
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