The Underwater Welder
Editora: Top Shelf Productions - Edição especial
Autores: Jeff Lemire (roteiro e arte).
Preço: US$19,95
Número de páginas: 224
Data de lançamento: Agosto de 2012
Sinopse
Jack Joseph, soldador submarino em uma estação de petróleo na região de Nova Escócia, está prestes a ter um filho. Diante dessa mudança iminente em sua vida, ele é submetido a uma auto-análise de seu passado, lembrando de seu finado pai e aprendendo no processo alguma coisa sobre paternidade.
Positivo/Negativo
Há uma sutileza nesta obra autoral de Jeff Lemire. Na condução dos roteiros, no desenvolvimento de personagens, na construção de ambientes que transpira pelas páginas. E na arte em preto e branco de The Underwater Welder, que é sublime e impecável.
Há uma pontinha do seriado Além da Imaginação, com sua assinatura de episódios para os quais não é preciso mais do que abrir uma porta para se deparar com um novo, bizarro e fantástico mundo.
Aqui, tudo o que Jack Joseph precisa é de um relógio.
Com ritmo lento e cadenciado, o mundo de Jack Joseph é apresentado ao leitor, com suas rotinas e idiossincrasias, e há uma bela interpolação entre presente e passado para mostrar tanto a gravidez da esposa como o desaparecimento misterioso do pai. E é a pressão submarina que vem a finalmente sufocar o protagonista.
E é nesse ponto que entra a genialidade deste trabalho de Lemire.
Num tom bastante pessoal e intimista, é fácil seguir a progressão do personagem como se fosse alguém conhecido, amigo, parente, talvez até mesmo o próprio leitor.
Essa noção introspectiva permite uma fácil transição de um mundo lógico e factível para um terrível pesadelo – que parece igualmente crível. Nesse meio tempo, permeiam delírios que buscam um espaço da atenção do humilde soldador, para que seja capaz de analisar suas dúvidas e enfim entender o que aconteceu com seu pai.
Flertando com o simbolismo e com uma história muito maior que a dos personagens em questão, é interessante notar que a arte simplista do escritor – que alguns podem erroneamente confundir como falta de talento artístico, se comparado com um Alex Ross, George Pérez ou quiçá o brasileiro Rafael Albuquerque – é apenas uma decisão estilística, um traço característico próprio.
O desenho é ora minimalista, para contrastar com o roteiro e criar um ritmo e progressão, ora completamente detalhada, com composições lindíssimas – como a splash page sem uma única palavra, mas que traduz perfeitamente a angústia do protagonista.
Completa tudo isso (mais) uma edição impecável da Top Shelf. Uma leitura obrigatória para qualquer fã de bons quadrinhos.
Classificação