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Autor: Diogo Salles (roteiros e desenhos). Preço: R$ 25,00 Número de páginas: 48 Data de lançamento: 2006 Sinopse: A corrupção e outros males que infestam a política do Brasil são mostrados neste álbum gigante com acabamento de luxo, impressão especial e muito humor, na forma de histórias em quadrinhos e charges. Positivo/Negativo: O cartunista paulistano Diogo Salles já tem um público cativo formado pelos que apreciam a ótima qualidade de seus desenhos e o humor direto, escrachado e sem mordaça das charges políticas que cria para jornais e revistas. Em seu primeiro livro, CorruPTos? Mas quem não é?, o artista mostra todo o estilo mordaz que o caracteriza e se põe na linha de frente contra os desmandos da política nacional, fazendo rir ao mesmo tempo em que relembra os mais recentes episódios dessa conturbada trama. Dividida em capítulos, a história do PT e suas ações mais repercutidas (concentradas no primeiro mandato do presidente Lula), ou seja, os envolvimentos em casos de corrupção e desvio de dinheiro público que vêm marcando o partido há anos, surge como uma aventura em quadrinhos no estilo caricatural, em que cada quadro poderia facilmente ser usado como uma charge à parte. O resultado é bastante divertido. Como arte, as páginas mostram competentes caricaturas e seu traço afetado confere aos políticos retratados o cinismo disfarçado em suas declarações no mundo real da política partidária brasileira. E como instrumento de protesto, promovem um verdadeiro desabafo coletivo em nome de todas as pessoas que estão do lado de fora do palanque e depositam sua confiança - raramente correspondida - naqueles que deveriam representá-las como cidadãs. O formato de "charge seqüenciada" da obra permite o exagero que beira o surreal e o nonsense, características marcantes desse estilo de humor. E que os simpatizantes do PT não se sintam sozinhos ao ver as entranhas de seu partido expostas no álbum. Vários outros são citados nominal ou figurativamente, principalmente seus mais importantes (de forma negativa) integrantes. Nesse caldo, Fernando Henrique Cardoso, Roberto Jefferson e muitos outros não escapam das alfinetadas (ou seriam facadas?). Um dos pontos altos do livro não deixa dúvida quanto a isso. Em uma página inteira, é apresentado um questionário que supostamente todo novo deputado ou senador deve obrigatoriamente preencher para fazer parte da rede institucionalizada de corrupção e desdém aos princípios éticos e morais. Guardadas as devidas proporções e separada a licença humorística, é algo que, com outras roupagens, infelizmente faz parte do cotidiano político do Brasil. Do "valerioduto" ao caso do dinheiro na cueca de um assessor parlamentar, passando pelos detalhes mais escabrosos do "mensalão", sem se esquecer dos conchavos entre os parlamentares para livrar seus pares das investigações das CPIs (alguém falou em pizza?) e a "blindagem" em torno do presidente Lula para não relacioná-lo como suspeito de falcatruas, CorruPTos? Mas quem não é? esgarça, com ironia e sarcasmo e sem amarras ideológicas ou partidárias, o inescrupuloso universo da politicagem tupiniquim, no qual o "jeitinho brasileiro" reina absoluto e incontestável. Se rir já seria o bastante para valer a leitura, a obra ainda convida, nas entrelinhas, à reflexão sobre essa chaga brasileira e à ação contra seus perpetradores, seja para negar-lhes votos ou, quem sabe, oferecer a eles uma "homenagem" como esta que Diogo Salles produziu. CorruPTos? Mas quem não é? pode ser definido como um registro documental de época em forma de piada. Por isso, há o risco de que não seja entendido se lido por quem não está por dentro dos últimos acontecimentos da esfera política do Brasil ou, daqui a alguns anos, pelos que estiverem acompanhando outros fatos e personagens dessa área. Portanto, o melhor é não perder tempo e ler o álbum enquanto ele ainda está disponível nos catálogos das livrarias e o governo Lula vigorando. Classificação: |