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UNIVERSO HQ | QUADRINHOS | REVIEWS | OS MAIORES CLÁSSICOS DO HOMEM DE FERRO # 1

1 dezembro 2001

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Reviews de Quadrinhos

Classificação:

4,0

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OS MAIORES CLÁSSICOS DO HOMEM DE FERRO # 1
Título: OS MAIORES CLÁSSICOS DO HOMEM DE FERRO # 1 (Panini
Comics
) - Edição especial

Autores: David Michelinie (roteiro), Bob Layton (roteiro e arte-final)
John Romita Jr. e Carmine Infantino (desenhos), Ben Sean, Carl Gaffordo
e Bob Sharen (cores), Jerron Quality Color e Jamison Services (reconstrução
de cores).

Preço: R$ 22,90

Número de páginas: 168

Data de lançamento: Maio de 2008

Sinopse: Tony Stark está voltando para casa quando, repentinamente, se vê em meio a um confronto com Namor, o Príncipe Submarino.

Quando as coisas parecem melhorar, surge o perigoso Justin Hammer, que fará de tudo para destruir o Homem de Ferro.

Em meio a problemas de todos os lados, chega um momento em que o herói terá que lidar com um inimigo além de suas próprias forças: o alcoolismo.

OS MAIORES CLÁSSICOS DO HOMEM DE FERRO # 1Positivo/Negativo:
Aproveitando a estréia mundial do filme Homem
de Ferro
, a Panini colocou em bancas este encadernado que
reúne as edições originais Iron Man # 120 a # 128, publicadas
no final da década de 1970.

Michelinie havia assumido o roteiro da revista poucos meses antes, mais precisamente em Iron Man # 116, e desde então começou a dar um novo gás na série, inserindo situações e conceitos que viriam a ser parte importante da trajetória do Homem de Ferro.

Dentre os personagens mais importantes a surgir neste período da vida de Tony Stark estão: James Rhodes, que se tornaria seu inseparável companheiro de aventuras e mais tarde assumiria a identidade de Máquina de Combate; Bethany Cabe, mais um de seus casos amorosos; e Justin Hammer, o inescrupuloso empresário que faria de tudo para tornar a sua vida um inferno.

No entanto, o aspecto mais lembrado dessa fase é um inimigo invisível que começava aos poucos a dominar o herói - o alcoolismo.

O primeiro quadro da história de abertura mostra Stark num vôo rumo a Nova York. Sentado em sua poltrona, há na bandeja à sua frente três garrafas pequenas de Gim. Quando a aeromoça lhe oferece uma revista, ele declina e pede outro Martini (um drinque que leva gim, vermute seco, gelo e uma azeitona - em uma de suas variações mais populares). Ela alerta para o fato de ele já ter tomado três e ele firmemente rechaça sua tentativa de dissuadi-lo.

Esta curta seqüência de três quadros dá uma boa idéia do que será o problema do álcool para Tony Stark. O empresário não aparecerá consumindo enormes doses de bebida a cada três ou quatro páginas, mas aquilo que foi ingerido no início de uma aventura resultará necessariamente em algo em seu decorrer.

Um fato que comprova isto é que poucas páginas após esta cena no avião, o Homem de Ferro não consegue se desviar de uma rocha arremessada por Namor, e reclama justamente de seus reflexos, culpando o quarto Martini que tomara. Esta imprudência quase provoca a sua morte.

Tony sente bastante o efeito da bebida no início do confronto com o Príncipe Submarino, mas depois que eles conversam e percebem que estão do mesmo lado (pra variar) e que a Roxxon é o verdadeiro inimigo, a ação flui de uma maneira menos ébria e mais combativa.

Após o fim da batalha, o Homem de Ferro ruma para Nova York. No trajeto, relembra a ocasião em que foi aprisionado por Wong-Chu durante a Guerra do Vietnã. Atendendo a uma exigência do comunista e também para impedir que um fragmento de granada chegasse ao seu coração e conseqüentemente o matasse, ele se vê obrigado a criar uma armadura para salvar sua vida.

Michelinie e Infantino recontam a origem do herói atualizando alguns de seus elementos, mas sem mudanças significativas no material concebido por Stan Lee, Larry Lieber, Don Heck e Jack Kirby em Tales of Suspense # 39 (Heróis da TV # 100, no Brasil).

De volta ao presente, nos Estados Unidos, Stark vai com Bethany Cabe até um cassino em Atlantic City e, entre uma bebidinha e outra, impede um assalto. Para isto, precisa lutar contra Chicote Negro, Derretedor e Nevasca. Com a ajuda de Cabe, ele derrota facilmente os vilões.

Pouco depois, durante uma convenção na ONU (Organização das Nações Unidas), o Homem de Ferro é controlado por Justin Hammer, via um transmissor hipersônico, e mata o embaixador da Carnélia na frente de centenas de testemunhas e das câmeras de televisão.

O que se segue é uma corrida contra o tempo, na qual Stark precisa provar a inocência de seu "guarda-costas". Com o auxílio de Scott Lang, o novo Homem-Formiga, ele descobre mais a respeito do misterioso Hammer e parte para o Principado de Mônaco junto com James Rhodes.

Durante a investigação, os dois são atacados por um exército de mercenários e o milionário acaba sendo seqüestrado e levado ao quartel-general de Justin Hammer. Após o criminoso revelar parte de sua motivação e de seus planos, Tony consegue fugir e recuperar a maleta em que guarda a sua armadura reserva.

Uma vez de volta ao jogo, o herói confronta, nas palavras do próprio roteirista, "uma dúzia dos reservas mais bizarros da história". E realmente não dá para discordar quando há tipos como Discus, Estilete, Besouro, Sapo, Matadora, Constritor, Mago das Águas e o Porco-Espinho tentando tirar uma casquinha do "Ferroso".

Depois de derrotar todos e provar que é inocente da morte do embaixador, Stark fica abalado ao perceber que, após o assassinato em rede nacional, a sua imagem está seriamente abalada.

Estressado e cansado dos problemas que vêm de todos os lados, o empresário se volta à bebida e em um momento de embriaguez absoluta destrata seu mordomo Jarvis, que pede demissão.

Na seqüência vem a história mais emblemática e conhecida do herói: O Demônio na Garrafa.

Publicada originalmente em novembro de 1979 (Iron Man # 128), é de se supor que tenha sido inspirada mesmo que levemente nas edições de Green Lantern que mostravam o envolvimento de Ricardito com as drogas. Ainda assim, ela consegue ter uma abordagem original para um vício diferente.

Conforme já mencionado nesta resenha, Michelinie construiu o alcoolismo de Tony aos poucos. Nas primeiras aventuras, ele aparece bebendo ocasionalmente para aliviar a tensão. À medida que o tempo vai passando e os problemas se acumulam, a quantidade de álcool ingerido vai aumentando sem que ele sequer perceba. Até chegar a um ponto em que é muito mais prazeroso ficar constantemente bêbado do que encarar sóbrio a realidade e todas as pequenas imperfeições que ela traz.

O roteiro coloca isto de forma verossímil, como um hábito que começa sutilmente, mas vai crescendo mais e mais, até virar algo que consome o próprio ser humano.

Ser viciado não é bacana sob nenhum ponto de vista razoável, mas julgar um indivíduo por isso é igualmente reprovável. Assim como ocorre na história do Lanterna e do Arqueiro Verde, um dos maiores méritos de O Demônio na Garrafa é trazer o tema para a discussão, fazendo com que o leitor reflita sobre ele por algum tempo.

Como era de se esperar, depois de algumas provações Tony consegue vencer o alcoolismo. Contando com o providencial auxílio de Bethany e Jarvis.

É interessante mencionar que não muito tempo após os eventos aqui mostrados, Tony tem uma recaída e volta com tudo ao alcoolismo, passando inclusive a morar nas ruas. Tudo parte de um estratagema preparado por um novo adversário, Obadiah Stane (interpretado no filme Homem de Ferro pelo ator Jeff Bridges).

Quanto à arte, John Romita Jr. tinha na época um estilo muito diferente daquele que o consagraria anos depois em X-Men, Demolidor e Homem-Aranha, mas ainda assim conseguia desenhar com muita propriedade o Homem de Ferro.

A beleza de seu traço e a ótima narrativa, principalmente nos trechos de ação, já eram impressionantes. Some a isto a enorme habilidade e competência de alguém como Bob Layton e o visual das edições ganha um apelo impecável.

Por sinal, é de Bob Layton a magnífica capa da edição que traz O Demônio
na Garrafa
(imagem acima), reproduzida na quarta capa e também no
miolo deste álbum.

Dois pontos a lamentar sobre a edição da Panini: o primeiro é o excessivo número de erros de português e de digitação. Uma revisão mais cuidadosa resolveria isso facilmente. O segundo senão é que a revista não contém nenhum texto que contextualize o leitor para que possa entender um pouco mais sobre este período na vida do Homem de Ferro. Vale dizer que são aventuras que foram publicadas no Brasil pela última vez há cerca de 20 anos.

De qualquer modo, é um ótimo apanhado de aventuras clássicas do Vingador Dourado. Tomara que a Panini não pare neste e dê continuidade a esta coletânea, inclusive publicando a saga seguinte, que envolve Obadiah Stane e serviu como base para o longa-metragem do super-herói.

Classificação:
- Ricardo Malta Barbeira