Usagi Yojimbo - The Special Edition
Editora: Fantagraphics Books - Edição especial de 25 anos.
Autor: Stan Sakai (roteiro e arte).
Preço: US$ 100,00
Número de páginas: 1200
Data de lançamento: Dezembro de 2010
Sinopse
Esta edição comemora 25 anos de Usagi Yojimbo, o coelho samurai. O estojo de luxo contém dois volumes, que compilam os sete primeiros encadernados originais, além de vários extras, como rascunhos, entrevista com o autor, galeria de capas, algumas histórias curtas e material inédito.
A introdução é assinada pelo onipresente Stan Lee e por Stan Sakai.
Positivo/Negativo
Usagi Yojimbo, que traduzido ao pé da letra significa "coelho guarda-costas", é mais conhecido por aqui pelas participações que fez no antigo desenho das Tartarugas Ninja. Apesar de já existir ha 25 anos, ter sobrevivido à passagem por várias editoras e ter um público fiel, sua publicação no Brasil é esparsa e inconstante: foram três volumes pela Via Lettera e dois pela Devir.
A edição de luxo da Fantagraphics serve como um excelente ponto de partida para quem nunca teve a oportunidade de ler as primeiras histórias de Usagi, pois reúne toda a década inicial de trabalho, equivalente aos sete primeiros encadernados.
O personagem foi criado por Stan Sakai em meados da década de 1980. Originalmente, o autor pretendia fazer história com humanos, mas foi apenas quando desenhou seu protagonista como um coelho que sentiu estar no caminho certo.
Sua referência óbvia é o famoso samurai Miyamoto Musashi, que na série virou Miyamoto Usagi.
A história narra as andanças de Usagi, um ronin, samurai que perdeu seu senhor, sempre em busca de justiça e do caminho do bushidô, código de honra dos samurais. E, claro, mostra-o interagindo com aliados e inimigos enquanto viaja.
Aos olhares mais incautos, a arte de Sakai é "cartunesca", quase infantil. Seu traço é simples, longe de ser um dos mais bonitos ou atraentes dos quadrinhos, mas funciona muito bem para a história. Isso pode afastar alguns leitores, mas para quem está preparado para mergulhar no mundo fantasioso, esse detalhe é menor.
A realidade é que Usagi Yojimbo esconde sob a superfície uma história bem planejada, excelente narrativa e fruto de uma rigorosa pesquisa: muitas referências à cultura japonesa, seja ao folclore tradicional, seja aos filmes e mangás, o autor faz diversas homenagens a figuras reais ou lendárias; e muitas vezes coloca termos em japonês (seguidos da tradução).
Além disso, todas as vestimentas e armas usadas são baseadas em referências reais, do período Edo do Japão (começo do Século 17). E Sakai consegue passar muita coisa só na expressão facial dos personagens. Tudo isso engrandece a obra.
Sakai usa uma narrativa em capítulos, muito parecido com o mangá Lobo Solitário: algumas histórias contam eventos isolados, que não têm relação direta com a trama principal, mas introduzem um novo personagem, ou exploram um aspecto diferente dos já existentes.
Mais para frente, o autor encaixa esses elementos, dá forma e corpo a eles, e os insere no contexto maior. Apesar do tom cômico e de focar na ação, há espaço para drama, romance e até momentos poéticos, de reflexão, típicos da cultura oriental.
Nada tão grandioso quanto em Lobo Solitário, mas nem era essa a intenção de Sakai. No entanto, é inevitável, quando se lida com o pensamento oriental, não passar por essa introspecção.
Usagi Yojimbo conta uma galeria de ótimos coadjuvantes, além de ser uma janela para a cultura oriental. Para os que gostam de samurais e aventura, é uma fonte de boas risadas e realmente prende a atenção. A leitura é agradável, leve e as 1000 páginas passam em um piscar de olhos.
A edição caprichada da Fantagraphics é um assunto à parte: dois volumes, capa dura, com acabamento luxuoso, papel de qualidade e impressão impecável. Apesar disso, o volume é compacto, não ocupa muito espaço, e seu manuseio não é desagradável para ler.
O preço, apesar de não muito convidativo para o leitor casual, ainda é menor do que os sete volumes individuais somados. E a galeria de extras compensa: boa parte do material é inédita ou rara.
O único ponto fraco é que a edição não faz referência a qual volume cada história pertence, nem onde começa ou acaba cada um.
Classificação