UZUMAKI # 1
Título: UZUMAKI # 1 (Conrad
Editora) - Série em três edições
Autor: Junji Ito (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 12,00
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Julho de 2006
Sinopse: Em Kurouzu, uma pequena cidade costeira do Japão, tudo parecia normal até alguns de seus habitantes começarem a ter comportamentos estranhos, ligados à obsessão pela forma espiral.
Kirie Goshima vê o pai de seu namorado hipnotizado por uma casca de caracol. A cidade inteira parece contaminada por espirais, o que leva seus habitantes aos destinos mais trágicos possíveis.
Positivo/Negativo: Esqueça os tradicionais fantasmas, demônios e zumbis. Tudo na cidade de Kurouzu gira em torno de espirais e, acredite, uma simples forma geométrica nunca foi tão assustadora.
Uzumaki aposta no mesmo público que lota os cinemas para assistir filmes como O Chamado, O Grito e outras franquias do gênero. Entretanto, comparar este mangá com tais longas é uma grande injustiça, pois a experiência aqui é bem mais perturbadora.
Longe dos vícios da máquina hollywoodiana (e também por envolver menos pessoas e dinheiro pra se fazer uma HQ do que um filme), o autor tem mais liberdade para deixar sua criatividade fluir. E a mente de Junji Ito leva o leitor a lugares muito obscuros sem tentar deixar a viagem agradável ou poupar qualquer detalhe.
Cada capítulo narra um episódio relacionado à maldição das espirais abordando temas como obsessão, inveja, luxúria e amor proibido com desfechos trágicos e surpreendentes. São histórias de pessoas que contorcem o próprio corpo até quebrar os ossos ou arrancam as digitais por conta de uma obsessão doentia pelas espirais.
O mais interessante é que os acontecimentos são extremamente esdrúxulos, mas nunca gratuitos. As aberrações não aparecem apenas para provocar sustos fáceis ou embrulhos no estômago. São alegorias aterrorizantes para os sentimentos e obsessões dos personagens, colocando o leitor no clima da história sem cair em banalidades e explicações desnecessárias tão comuns em obras de terror.
Além dos bons argumentos, Junji Ito oferece um banquete visual. Seu traço é refinadíssimo e consegue transmitir toda a angústia do enredo. Um ponto que merece destaque é o uso de hachuras. Ele as utiliza de forma esplendorosa não apenas para definir volume, iluminação e profundidade, mas também para reforçar as nuances psicológicas de cada cena.
Este título faz parte de uma nova linha de quadrinhos que a Conrad vem trazendo para o Brasil numa aposta muito bem-vinda de expansão de gêneros. Até pouco tempo, tudo que se via nas bancas eram, basicamente, ação ou humor. Hoje, o leque de opções vem aumentando consideravelmente. Os leitores só têm a agradecer.
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