Val parte de uma ideia bacana: as quatro primeiras páginas são diagramadas como um post no Facebook e seus respectivos comentários.

A partir daí, segue uma trama mediana, que transmite a sensação de autores que dominam razoavelmente a parte técnica estrutural da produção de uma HQ, mas ainda tem um longo caminho para encontrar seu próprio estilo.

O desenho de Eric Ricardo é competente nos itens mais formais (anatomia, composição, sombra e no bom trabalho de cores). Funciona para contar a história, e estaria na medida para uma HQ institucional.

No entanto, Eric precisa buscar um estilo, um diferencial. Muitas vezes ter um estilo limita o tipo de histórias que o autor pode contar, mas é o que torna o trabalho dele reconhecível e motiva o leitor a acompanhar suas HQs.

Já o roteirista Vagner Francisco precisa evoluir principalmente nos diálogos. Os dois personagens centrais - Val e Clésio - são bem diferentes, mas o modo de falar de ambos é bastante parecido. Assim, as falas parecem ensaiadas, em especial as de Val, que deveriam ser mais soltas.

A diagramação da capa também deixa a desejar. Apesar de o desenho funcionar bem, a fonte escolhida para o nome Val parece remeter a uma revista de ficção científica ou até a antigas publicações de super-heróis.

No geral, Val carece de qualidade em alguns pontos, mas apresenta autores que demonstram potencial para evoluir e estão num caminho interessante para se tornarem bons quadrinhistas.