Autor: Marcio Baraldi (textos e desenhos).

Preço: R$ 10,00

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Novembro de 2008

Sinopse: Coletânea com as melhores tiras e HQs de Marcio Baraldi, originalmente publicadas em jornais e revistas nos anos 1980 e 1990.

Positivo/Negativo: O humor dos quadrinhos de Marcio Baraldi não é para mentes e estômagos fracos.

Se você gosta de iconoclastia, palavrões, deturpação dos valores religiosos e sociais, sacanagem e muita escatologia, sinta-se bem-vindo a esse mundo.

Mas se você gosta de tiradas inteligentes, sacadas engraçadas e aquela vontade incontrolável de alfinetar tudo o que incomoda o ser humano e que, infelizmente, faz parte dessa raça esquisita que anda sobre duas pernas, também vai curtir bastante Vale-Tudo.

O álbum, uma edição de luxo em tamanho grande, com capa cartonada, orelhas e papel couché, faz um apanhado dos melhores trabalhos do cartunista nas duas últimas décadas.

Por não ter personagens fixos ou com conceitos definidos, cada página mostra uma liberdade criativa maior do que a desfilada pelo artista nas aventuras de Roko-Loko e Adrina-Lina, outras de suas criações.

Apesar de algumas piadas soarem datadas e até desconhecidas para os leitores mais novos - como referências ao pânico dos primeiros anos da Aids; à ditadura militar brasileira; e ao ex-presidente José Sarney (que hoje está mais na boca do povo do que nunca, envolvido em escândalos no Senado Federal) -, não dá para ficar sério enquanto esse festival de escracho é mostrado sem mordaças.

As participações dos undergrounds Marcatti e Bira Dantas, alternando com Baraldi algumas histórias a quatro mãos, contribuem para a diversidade de temas e estilos gráficos do álbum, que conta com prefácios de dois veteranos e respeitados nomes dos quadrinhos nacionais, Rodolfo Zalla e Primaggio Mantovi.

Há pelo menos um tema recorrente nas páginas da edição: de que jeito seria o mundo se algumas coisas mudassem, mostrando mulheres agindo - e sendo tratadas na sociedade - como homens; os oprimidos de qualquer raça, credo e classe social menos favorecida se rebelando; e outras ideias contrárias nas quais toda pessoa bem-humorada (ou maluca) já pensou alguma vez na vida?

Os maiores destaques de Vale-Tudo são Família Sagrada, Greve total, Vingança total contra a humanidade e a fotonovela Tudo por dinheiro, todas já antológicas.

A bola fora ficou por conta dos erros de acentuação - poucos, mas bem visíveis - que aparecem em algumas páginas.

Também destoa do conjunto uma história curta sobre um sujeito insone que interage com carneirinhos de seu balão de pensamento, piada bastante frequente nos quadrinhos infantis e que, por isso mesmo, já não goza de tanto apelo cômico.

No final das contas, o álbum, que marca a estreia do selo editorial do autor, o Grrr!.., é indicado para um único tipo pessoa: quem gosta de rir.

 

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