Valente por opção
Editora: Panini Comics – Edição especial
Autor: Vitor Cafaggi (texto e arte).
Preço: R$ 14,90
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Novembro de 2013
Sinopse
Depois de viver em intenso triângulo amoroso com Dama e Princesa, Valente é obrigado a lidar com as consequências de suas escolhas.
Churrasco, RPG e pastel de queijo em uma nova fase de sua vida. Os anos de faculdade começam agora.
Positivo/Negativo
Dizem que ler as (des)aventuras amorosas de Valente é como ler Calvin e Haroldo ou Peanuts. Este resenhista discorda parcialmente.
O personagem criado por Vitor Cafaggi pode até “beber” das ajudas psiquiátricas de 5 cents com a Lucy ou da leveza inocente da vida do garoto com seu tigre de estimação que gera sua imaginação à ação, mas tem um DNA próprio.
A vivência universal de um garoto comum como Calvin ou Charlie Brown pode ser parecida, porém a impressão digital das experiências é de um personagem brasileiro, o que lhe dá um fôlego novo, “inédito”, rejuvenescido e diferente.
Nesta terceira temporada de tiras, o simpático cãozinho terminou seu relacionamento com a Princesa, que está na Austrália fazendo um intercâmbio.
Pior do que ficar na fossa é topar com a sua ex, a Dama, que está com um novo namorado, o que rende muitas saias justas, sorrisos amarelos e momentos desconcertantes para o nosso “herói”.
Apesar de ser uma figura antropomórfica, Valente é gente como a gente: existem os pais desinformados da sua vida amorosa, os amigos “estranhos” jogadores de RPG (Mel é o melhor deles), ele afoga suas mágoas num sanduíche de rosbife enquanto reúne forças para dar uma de Rocky Balboa, corre alguns quarteirões e compartilha desilusões amorosas com sua melhor amiga, a centrada Bu.
Na sua nova fase, Valente agora está na faculdade e “solteiro por opção”, o que serve de mote para novas situações, como trotes, chapéus estilosos e churrascos, além das investidas usuais de ser um honrado guerreiro errante, que não quer nenhum compromisso com as eventuais donzelas, mas procura uma “espada +2”.
Interessante notar como Cafaggi prepara bem o terreno cômico por meio do texto e/ou alterna com metáforas gráficas, como o coração que paira na cabeça do personagem virar uma nuvem de frustração (e vice-versa) ou a bela sequência de seis páginas que é pura ação cinematográfica, quando ele corre atrás do ônibus.
Aliás, mesmo nas situações mais “paradas”, a dinâmica e o virtuosismo de movimentos dos personagens são impressionantes, como verdadeiros frames de uma animação.
Novamente, o ingrediente a mais nas tiras é a menção da cultura pop de filmes e séries, a exemplo de Harry Potter, Dirty Dancing – Ritmo Quente, Power Rangers, Cavaleiros do Zodíaco e do já citado Rocky.
Essa pegada inocente, despretensiosa e sincera das paixonites adolescentes é o segredo do carisma de Valente. É difícil não absolver as idiossincrasias nas suas falas, gestos e situações de suspiros platônicos ou disparo de coração atordoado pelos amores à primeira vista.
Além desse revival de juventude, esta edição marca uma aposta – merecida! – da Panini em publicar e distribuir a série pelas bancas e lojas especializadas do País. Os outros dois volumes, que antes saíram de forma independente, também receberam nova tiragem sob o selo da editora.
Assim como São Jorge, de Danilo Beyruth, a criação de Vitor Cafaggi está tendo o alcance de novos leitores, seja pela disponibilidade, pela qualidade editorial preservada ou pelo preço justo do material apresentado.
Valente é apaixonante como aquela garotinha ruiva esperando ônibus na parada e faz parte de toda a sua vida por míseros segundos, mas que valeu a pena se apaixonar por uma eternidade... Até perceber que ali – naquele momento – é a última página do "relacionamento" dos dois!
E, como a vida, continua...
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