Não é só de artistas desconhecidos e loucos para caírem nas graças de algum editor de plantão que os quadrinhos divulgados na internet são feitos. Autores de nome e respaldo no mercado também publicam obras online. Galvão é um deles.

Ilustrador e quadrinhista de Goiânia - mas radicado em Florianópolis/SC -, Galvão utiliza sua página como principal veículo de seu trabalho. Ele escreve, desenha, edita e publica - sem intermediários, relacionando-se diretamente com o leitor. A iniciativa, inclusive, já lhe rendeu dois troféus HQ Mix de melhor site de autor, em 2003 e 2004.

Como o próprio quadrinhista diz, as tirinhas estão lá "causando discórdia desde 1999". É um vasto acervo, que atravessa diferentes fases do artista - e também revela a evolução no traço, na tipografia e no teor das sacadas.

Se no começo os desenhos eram duros, as cores excessivas, as letras relaxadas e as tiradas um tanto forçadas, com o passar do tempo, Galvão foi se aprimorando e imprimindo uma marca bastante pessoal, facilmente identificável.

Hoje, o artista já formou seu universo próprio e deita e rola dentro dele. E se o traço e as cores são divertidos, o texto é desalentador e irônico - criando o contraste necessário para que o humor funcione.

Além das tiras do universo Vida Besta, Galvão apresenta no site duas séries com personagens fixos: O mundinho encantado de Juvêncio e Demerval, estrelada por um casal de animais homossexual, e Família da Casa 666, que narra as aventuras de uma criança tida como o anti-Cristo e seus pais satanistas. A verve é a mesma do carro-chefe da página, contudo, a liberdade fica restrita e o resultado é inferior.

Galvão já publicou em algumas coletâneas nacionais e teve o álbum As crônicas bizarras de Absurdyum lançado exclusivamente na Itália. Resta saber quando alguma editora nacional irá prestigiar o autor com uma obra solo.