Antes de Watchmen – Volume 1 – Coruja
Editora: Panini Comics – Maxissérie mensal
Autores: Coruja – J.M. Straczynski (roteiro), Andy Kubert (desenhos), Joe Kubert, Bill Sienkiewicz (arte-final) e Brad Anderson (cores) – Originalmente em Before Watchmen – Nite Owl #1 a # 4;
A condenação do Corsário Carmesim – Len Wein (roteiro) e John Higgins (desenhos) – Originalmente em Before Watchmen – Minuteman # 1, Silk Spectre # 1 e Comedian # 1.
Preço: R$ 12,90
Número de páginas: 104
Data de lançamento: Maio de 2013
Sinopse
Coruja – Antes de se tornar um homem alquebrado e inseguro, Dan Dreiberg foi um bravo herói. E antes de ser um herói ele foi o aprendiz de um dos primeiros aventureiros mascarados a patrulhar as ruas munido apenas de sua coragem.
As origens do segundo Coruja: sua infância traumática com um pai severo e uma mãe passiva, seu treinamento, o início da parceria com o instável Rorschach e o romance proibido com uma subversiva criminosa.
O demônio à deriva - Parte 1 – No Século 18, a história de um oficial júnior da marinha real inglesa, que se vê acusado de motim e entre o fogo-cruzado com uma fragata espanhola.
Positivo/Negativo
Lançada originalmente nos anos 1980, como uma maxissérie em 12 partes, Watchmen é considerada por muitos como a história definitiva de super-heróis.
Constantemente presente nas listas de melhores HQs do gênero, a obra concebida pelos ingleses Alan Moore (roteiro) e Dave Gibbons (arte) é uma desconstrução da figura mitológica do super-herói com uma complexa estrutura narrativa usando elementos como a teoria do caos, física quântica, metalinguagem, viagens temporais, eventos históricos, ubiquidade, cinema e os próprios quadrinhos.
A trama mostra um mundo em que os vigilantes uniformizados – antes aceitos pela sociedade – são foragidos da lei. Apenas um herói tem superpoderes, o que desequilibra a queda de braço da Guerra Fria, altera o curso da História e do modo de vida do mundo.
Baseado nos personagens então recém-adquiridos pela DC Comics da falida Charlton, a obra causou uma série de desavenças com a editora e Alan Moore, desde questões de pagamento até assuntos ligados aos direitos autorais.
Depois do embate do “mago de Northampton” na mídia em virtude da adaptação cinematográfica, que finalmente saiu do papel depois de anos e estreou em 2009, o novo capítulo da contenda aconteceu quando a DC lançou o projeto Antes de Watchmen, no qual os personagens eram mostrados em eventos anteriores ou não revelados na saga de Moore e Gibbons, tudo na perspectiva de outros renomados artistas.
Obviamente condenado pelo seu criador, o projeto gerou discussões nas redes sociais, sites especializados e rodas de conversas de colecionadores.
Independentemente das polêmicas se é ou não desnecessária, Antes de Watchmen pode ser encarada como uma forma de exercício ou uma revisitação do universo gerado por Moore e Gibbons, como também uma forma de aproveitar o poder que a obra tem para fazer mais um “caça-níquel” da editora norte-americana.
A curiosidade maior de comprar a nova série é ver como as equipes criativas vão abordar ou acrescentar no passado dos personagens da obra original.
O primeiro volume da versão brasileira traz a origem do segundo Coruja, Daniel Dreiberg, pelo escritor J. Michael Straczynski, com Andy Kubert nos desenhos.
Acertadamente, a Panini reúne as minisséries individualmente em encadernados. Esta também marca o último trabalho do pai do desenhista, Joe Kubert, que morreu em agosto de 2012, aos 85 anos.
O veterano artista não chegou a completar a arte-final em todas as revistas, sendo substituído por Bill Sienkiewicz nos últimos números. A edição nacional só credita Kubert na função.
A estrutura narrativa de Straczynski é bem desprendida da obra original. O escritor mostra respeito à cronologia e ao trabalho de Moore ao preencher as lacunas do passado do protagonista.
O fascínio pela figura do herói e a relação paternalista entre Dan e Hollis Mason, o primeiro Coruja, é construída razoavelmente bem, apesar de uma ou outra forçada de barra (como quando o jovem Dreiberg encontra o esconderijo de seu futuro mentor).
A liberdade maior reside nas raízes do futuro Coruja, quando o autor encaixa a psicologia mostrada por Moore em Watchmen, de forma tímida e retraída, com um quê fetichista.
O fetiche, inclusive, é explorado com uma “pista” deixada apenas nos detalhes por Alan Moore e desenvolvida aqui no papel da criminosa Dama do Crepúsculo.
O principal problema na história é o outro lado dessa construção psicológica: a trama secundária do assassino de garotas de programa, que também coloca o radical Rorschach em evidência.
Adicionando o fanatismo religioso, o desenrolar da segunda metade se torna previsível e desinteressante.
Straczynski já se valeu de copiar habilmente o próprio Alan Moore quando usou como base o Marvelman/Miracleman para recriar o Esquadrão Supremo para o selo adulto da Marvel, o Max (e que muitos achavam o suprassumo da genialidade, por desconhecerem o personagem inglês). Em Coruja, ele não alcança a criatividade vista em alguns de seus trabalhos anteriores.
O habitualmente competente traço de Andy Kubert é mantido, aliado a uma arte-final solta e homogênea. Mesmo sendo “desaconselhável para menores de 18 anos”, o desenhista se detém pelo pudor de esconder as partes íntimas nas cenas mais “quentes”. Frisando que há quase 30 anos a genitália azul do Dr. Manhattan era normalmente exposta.
Completando a edição, a primeira parte de A condenação do Corsário Carmesim. Se Os Contos do Cargueiro Negro – uma homenagem de Moore às HQs de terror da EC Comics – tinha uma função importante na obra original, aqui esse adendo não tem valor, é confuso e sem criatividade. Um falatório sem fim promovido por Len Wein com a bela arte de John Higgins, o editor e o colorista originais de Watchmen, respectivamente.
Fechando a edição, uma tímida galeria de capas. Vale lembrar que a Panini disponibilizou mais duas capas variantes para cada volume, sendo as do Coruja assinados por Jim Lee e Andy Kubert.
Classificação