WITCHBLADE – OBAKEMONO
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Fiona Kai Avery (roteiro), Billy Tan e Peter Steigerwald (desenhos), Steve Firchow (cores) e Billy Tan (capa) - Originalmente publicado em Witchblade - Obakemono, em 2002.
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 80
Data de lançamento: Janeiro de 2007
Sinopse
Em uma era de castelos, xoguns e samurais, na terra do sol nascente, quando dragões cavalgavam o vento e as nuvens, a espada era a mais nobre das armas. Carregava sua honra, orgulho e tradições.
Há muitas lendas sobre armas místicas, mas nenhuma como esta. Apenas uma pessoa pode ser sua portadora. Com ela, terá o poder de derrotar um exército, extinguir todo mal que há, carregar o próprio mundo em sua mão direita.
Desde que seja uma mulher.
Positivo/Negativo
O cabalístico artefato conhecido como Witchblade pode ser considerado, ao mesmo tempo, dádiva e augúrio àqueles que o portam. Melhor dizendo, aquelas. Geração após geração, uma mulher sempre foi escolhida como digna de ostentar tamanho poder em mãos.
A principal heroína deste legado é a detetive Sara Pezzini, a mais famosa portadora da incrível manopla.
Sendo uma das atuais mantenedoras desta força arcana - que é parte de uma trindade e fonte do equilíbrio entre duas energias opostas, Darkness e Angelus -, esta graphic novel narra um par de histórias sobre uma das tantas guerreiras escolhidas no passado, numa ligeira adaptação do conceito original (visto que Obakemono significa algo que muda ou se transforma).
Aqui, tem-se uma genuína história em quadrinhos e um conto em prosa, ambos estrelados pela oriental Shiori, uma reifujin sobrevivente ao ataque de sua aldeia em pleno Japão feudal.
Eleita para procurar e possuir o objeto místico que lhe aparece em sonhos, parte numa pequena cruzada particular, margeada por amizades e alianças forjadas ao longo do caminho, traições e da busca do verdadeiro sentido de seu desejo por vingança.
É uma daquelas aventuras que misturam diálogos introspectivos e ações belamente coreografadas em ritmo acelerado, algo no estilo das produções cinematográficas orientais ou baseadas em doutrinas morais do agir para vencer (como em A arte da guerra, de Sun Tzu).
Ou ao menos essa foi a tentativa, já que o resultado final ficou um pouco aquém do esperado.
Fiona Avery é uma apaixonada por lendas, mitos e culturas asiáticas. Facilmente se percebe isso pelo entusiasmo demonstrado logo no pequeno prefácio à obra, assinado pela própria, e na introdução de J.M. Straczynski sobre sua colega escritora. Em campo, fica evidente que a moça entende do assunto, fazendo constantes referências e citações às obras e temas da filosofia samurai.
Ocorre que tudo é muito repetitivo, beirando o clichê, com a narrativa empacando em vários pontos e quebrando o ritmo de leitura em muitas sequências confusamente espalhadas pelas páginas.
Também não há grande profundidade psicológica nas coadjuvantes que escoltam Shiori em sua missão - parecem acompanhá-la mais como simples ornamentos do que pessoas com objetivos próprios. Somente uma delas tem suas motivações reveladas, mas é pouco.
Se a HQ infelizmente não gera grande interesse, o conto em seguida valoriza a edição numa leitura agradável: uma simples historieta, belamente ilustrada nos sinuosos desenhos de Peter Steigerwald, focando parte da filosofia e estética de combate de Shiori sob o modo de agir de um velho mestre de chá.
A arte de Billy Tan apresenta nítidas influências dos quadrinhos orientais, um traçado ágil e leve que empresta contornos delgados às personagens femininas, moderadamente expondo certa sensualidade em vários momentos.
Um bom trabalho que, de certa forma, alivia o texto batido.
Vale mencionar que a protagonista deste especial aparece num flashback exibido no encadernado Witchblade - Caça às Bruxas, publicado em 2006 pela Panini, junto às outras portadoras da Witchblade através das eras.
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