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Reviews

X-MEN # 29

1 dezembro 2004


Título: X-MEN # 29 (Panini Comics) - Revista mensal

Autores: Novos X-Men - Grant Morrison (roteiro) e Frank Quitely (desenhos);

Fabulosos X-Men - Chuck Austen (roteiro) e Kia Asamya;

Wolverine - Frank Tieri (roteiro) e Sean Chen (desenhos).

Preço: R$ 6,00

Número de Páginas: 96

Data de lançamento: Maio de 2004

Sinopse: Novos X-Men - Os rebeldes liderados por Quentin Quire querem tomar o controle do Instituto Xavier. Para isso, terão que passar por cima da equipe sênior dos X-Men. O conflito chega ao seu auge nesta edição, fazendo vítimas inesperadas.

Em Fabulosos X-Men, Arcanjo e Escalpo travam uma batalha desesperada por suas vidas contra os lobisomens de Máximus Lobo. Enquanto isso, Carter, o filho da enfermeira Annie, emprega suas habilidades mutantes para tentar resgatar Alex Summers de seu coma. Entretanto, o garoto não sabe que irá arriscar a própria vida no processo. As coisas se complicam ainda mais com a chegada repentina de Polaris. A rivalidade entre as duas mulheres se torna conflito aberto.

Para quitar a dívida de um amigo com mafiosos, Wolverine fez um acordo com o novato chefão Freddo Pazzo. Agora, Logan está metido até o pescoço em uma guerra de gangues e tem que caçar os capangas da "família" liderada pelo sanguinário Romano.

A intromissão do baixinho canadense não é vista com bons olhos por Johnny Delacavva, o principal subchefe da família Pazzo, que teme que o mutante se volte contra seus "empregadores". O gângster Romano também não está gostando nada dessa complicação inesperada e trama uma resposta a altura.

Positivo/Negativo: Em New X-Men, o arco Rebelião no Instituto Xavier chega ao seu auge com o confronto entre os X-Men e os alunos rebeldes. Infelizmente, a história que prometia ser o ponto alto da trama acabou sendo bem mais fraca que suas antecessoras.

Morrison vinha fazendo um ótimo trabalho em criar expectativa pelo embate definitivo entre os mutantes, mas, no final, a trama se resolveu de um modo um tanto quanto abrupto e anticlimático. Esse estilo "coito interrompido" de escrever parece acometer o escocês de tempos em tempos, vide 3a Guerra Mundial, o último arco de sua passagem pelo título da Liga da Justiça (da DC Comics), que sofreu do mesmo mal.

Mesmo que o suposto ápice de Rebelião não seja tudo que prometia ser, ainda assim é uma trama diferenciada e o destaque desta edição. E o próximo episódio pode muito bem redimir o arco. É esperar para ver. Uma coisa é certa: no quesito arte, Frank Quitely continua executando um trabalho primoroso. O ilustrador é, sem dúvida, um dos nomes mais "quentes" do mercado de comics atual.

As duas histórias de Fabulosos X-Men desenvolvem o arco Espécie Dominante e são as mais fracas da revista. Os desenhos mangazeiros de Kia Asamya não ajudam muito, mas o grande responsável é mesmo o escritor Chuck Austen.

É natural que cada roteirista imprima sua marca nos heróis que escreve. Porém, um autor habilidoso sabe criar situações que explorem a personalidade de seus retratados respeitando a essência dos mesmos, aquelas características básicas que os leitores associam imediatamente a um ou outro personagem. Assim, o Homem de Gelo é jovial e extrovertido, Wolverine é esquentado, Ciclope é racional etc.

Para mudar as "fundações" de um personagem é necessário um contexto específico em que se justifique tal alteração, senão ela parece artificial. Este é o problema com o texto de Austen. Ele descaracterizou seus X-Men, tornando suas personalidades completamente diversas da imagem consagrada junto aos leitores.

O já citado Homem de Gelo, por exemplo, tornou-se um intolerante do dia para a noite, hostilizando Estrela Polar, o Fanático e Stacy X (na edição anterior). Noturno já vinha sendo retratado como um chato de galochas desde que Joe Casey escrevia o título. Há muito, Kurt não lembra o personagem alto astral dos tempos do Excalibur. Agora, sem mais nem menos, sua crise de fé atinge novos patamares e é agravada pela revolta com os casos de abuso sexual de menores dentro da igreja católica. Tudo com cheiro de oportunismo marqueteiro e vontade de criar polêmicas.

A nova integrante do clube dos "descaracterizados" é Lorna Dane, a Polaris. Ela sempre foi uma típica personagem heróica, incapaz de ferir um inocente. Nas mãos de Austen, porém, ameaça a vida da enfermeira Annie e chega a agredir Estrela Polar, tudo por causa de um acesso de ciúmes. A situação é forçada e padece de uma total falta de sutileza.

Um escritor de maior capacidade poderia até se sair bem com esta subversão de expectativas, mas o grande problema é que Austen não se revelou à altura da empreitada. E, é claro, a descaracterização dos personagens talvez não chamasse tanta atenção se suas tramas fossem empolgantes. O texto é arrastado, cheio de clichês e, em última análise, chato à beça.

Espécie Dominante traz ainda vilões fracos (lobisomens?!) e o velho embate entre a moralidade humana e as leis Darwinianas de sobrevivência do mais forte. Nada que não tenha sido visto antes e com maior competência.

Já as aventuras de Wolverine sofreram uma nítida melhora nas últimas edições. O que não chega a ser propriamente um feito espetacular, visto que o mutante passava por péssima fase. O arco atual está longe de ser memorável, mas pelo menos se presta a uma leitura despretensiosa.

Os clichês de histórias sobre a máfia abundam: a representação dos mafiosos, a guerra de gangues, o chefão novato, o subchefe sensato, o antagonista maníaco e até o novo vilão chamado Gari (que "limpa" a sujeira da máfia, mais lugar-comum impossível) são ecos de filmes como Os Bons Companheiros, O Poderoso Chefão e Pulp Fiction. A verdade é que um personagem com a popularidade de Wolverine certamente merecia um escritor melhor do que o fraco Frank Tieri para narrar suas aventuras. A arte de Sean Chen é competente, embora sem brilho.

No geral, esta edição tendeu para a mediocridade. Fica a esperança que a próxima traga coisa melhor.

Classificação:

4,0

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