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X-MEN EXTRA # 21

1 dezembro 2003


Título: X-MEN EXTRA # 21 (Panini Comics) - Revista mensal

Autores: X-Treme X-Men - Chris Claremont (argumentos), Salvador Larroca (desenhos) e Liquid! (cores);

Exilados - Judd Winick (argumentos), Mike McKone (desenhos), Jon Holdredge com Norm Rapmund & Tim Townsend (arte-final) e Transparency Digital (cores);

X-Force - Peter Milligan (argumentos), Duncan Fegredo (desenhos) e Laura Allred (cores);

Mekanix - Chris Claremont (argumentos), Juan Bobillo (desenhos), Marcelo Sosa (arte-final) e Edgar Tadeo/Avalon Studios (cores).

Preço: R$ 6,00

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Setembro de 2003

Sinopse: X-Treme X-Men - Khan, o conquistador extradimensional, iniciou seu plano de dominação da Terra por Madripoor. Enquanto os combates entre mutantes e o exército invasor continuam, o líder inimigo deseja salvar a vida de Ororo, para torná-la sua rainha.

Exilados - Numa realidade temporal em que Namor é um inimigo, o grupo deve enfrentar a invasão dos Atlantes. E como se não bastasse, para salvar a humanidade, eles se vêem forçados a ajudar o homem que todos temem, o Dr. Destino.

X-Force - Após a morte de dois membros, a equipe atravessa um momento de transição. Relacionamentos são questionados; candidatos para as vagas, avaliados; e o Orfão luta para que o novo nome do grupo seja aquele criado por Vai Nessa.

Mekanix - Kitty Pride quis deixar para trás o sofrimento causado por sua vida nos X-Men. Mas tudo que construiu é agora ameaçado pela presença de grupos antimutantes na faculdade onde estuda.

Positivo/Negativo: X-Men Extra # 21 é uma edição interessante para refletir sobre o que os fãs querem.

Tem a última edição da X-Force, uma série que, desde o começo, gerou polêmica por ignorar tudo o que existia anteriormente na mitologia mutante. Isso não era exatamente correto. Peter Milligan sempre deu mostras de saber exatamente o que os leitores imaginavam de uma série "X"; apenas fazia questão de ir, totalmente, contra o esperado.

Todos os clichês e estruturas das HQs de super-heróis (que a maioria dos autores utiliza, vez ou outra), eram arrebentados aos montes, em todas as edições. Saíram das histórias a luta do bem contra o mal, personalidades heróicas, tramas que duram anos e personagens com que o leitor podia identificar suas dúvidas e medos. Entraram interesses pessoais, egocentrismos e egoísmos, um ritmo alucinado de criar aventuras e, talvez, a mais radical das mudanças: heróis que não despertam no leitor o devaneio de "ser como eles".

Por outro lado, é perceptível nas últimas edições que Milligan pôs o pé no freio. O ritmo alucinado sumiu. O roteiro perdeu o ar de anarquia absoluta, e agora se mostra muito mais comportado.

Os personagens ainda são superstars inseguros e violentos, e os diálogos, ácidos e irônicos. Mas agora, por baixo das piadas e conflitos, o roteiro começa a se basear numa estrutura normal, mais adequada ao que os fãs estão acostumados.

A impressão que fica é que Milligan ainda precisa pegar melhor a mão, encontrar o equilíbrio certo entre piada e trama linear. Algumas "tiradas" soam erradas, outras cenas estão sérias demais. Falta um ajuste fino para a transição ser completa.

Aliás, a arte nervosa de Duncan Fregredo, artista convidado para este número, não ajuda. O estilo do desenhista é fantástico e mais versátil do que pode parecer à primeira vista, podendo combinar tanto com um título da Vertigo (como Enigma, escrito pelo próprio Milligan e que teve parte publicada no Brasil, pela Atitude), quanto com um de super-heróis (Eu fui um Homem-Sapo Adolescente, lançada aqui em Homem-Aranha # 17, pela Panini). No entanto, nesse caso, pareceu deslocado, sem o ar pop irônico do co-criador, e titular da série, Mike Allred.

Na próxima edição, estréia X-Statix, título que sucedeu X-Force nas comic shops americanas. Mike Allred retorna, e os personagens também. Mas qual será o caminho que as histórias de Milligan seguirão? Mistério...

Com certeza, não irão se transformar numa história de Chris Claremont, que com seu trabalho, estabeleceu a mitologia e o estilo X-Men de criar aventuras, e que tem metade desta edição só para ele.

X-Treme X-Men, o carro-chefe da revista, continua seguindo exatamente a cartilha de Claremont nos últimos anos. Tudo é épico e grandioso, mas também sofrido, difícil, dolorido e descrito com dois ou três recordatórios, no mínimo. O que, aliás, nem é tão diferente das épocas áureas do roteirista, como quando trabalhou com John Byrne (e justamente levantou os pilares que sustentam toda essa mitologia) ou Alan Davis.

As tramas dessa época tinham esse mesmo drama atual, só que com alguns momentos de respiro. Os personagens carregavam seus fardos, mas pareciam levá-los de forma mais leve. Se hoje até as piadas são amargas, naqueles tempos serviam para mostrar heróis que eram humanos, com momentos em que se lembravam disso. E o leitor os acompanhava nesse sentimento.

Uma personagem fundamental para isso era justamente Kitty Pride. Criação de Claremont e Byrne, ela entrou na série para reinserir a ótica adolescente, quando todos os outros heróis já eram adultos. Preconceitos, dificuldade de entender o diferente, aceitar a si mesmo e vários outros temas que fazem a festa dos roteiristas do Homem-Aranha, aqui eram usados dentro de um grupo, e diziam indiretamente muito mais sobre eles, do que tudo o que está escrito em todas as edições atuais de X-Treme.

O irônico nesta edição acaba sendo a segunda história do roteirista: o retorno de Kitty Pride, na minissérie Mekanix, que teve um prólogo publicado na edição anterior.

As primeiras cinco páginas até soam como o Claremont de antigamente. Os recordatórios sofridos ainda estão lá, mas se vê uma preocupação com a contrução do personagem que ele não usa mais (com direito, inclusive, a duas páginas completamente mudas! Quem diria...).

No entanto, logo volta o de sempre, e nas últimas páginas já está claro que a única diferença entre X-Treme e Mekanix é o número de personagens e o tamanho da ameaça. E dá-lhe sofrimento contínuo - até o encontro com uma velha amiga e a nostalgia que isso provoca acaba servindo apenas para mais constatações tristes.

No fim, quem mais se parece com o Claremont de antigamente é Judd Winick.

Com seus Exilados, o roteirista alterna momentos épicos, com outros pequenos, nos quais aprendemos mais sobre aquela gente toda. E em minúsculos detalhes, ele cria empatia com aqueles personagens, que sofrem, se questionam, mas têm seus momentos de paz.

A grande sacada da série é o tema: um grupo de heróis que "conserta" linhas temporais, agindo em momentos-chave que definirão o futuro daquele universo.

Ao criar variações do Universo Marvel, Winick conseguiu fugir da ditadura da cronologia, bolando histórias em que o leitor se diverte, mesmo sem saber o que aconteceu em tramas publicadas quinze anos atrás.

Por outro lado, o público hardcore também tem sua diversão, pois o reconhecimento dos conceitos originais ali alterados aumenta ainda mais o prazer da leitura.

Winick altera a mitologia, mas respeitando-a, sem o confronto direto que Milligan se propõe em X-Force, ou a obsessão dramática de Claremont.

Lógico que o roteirista de X-Treme X-Men e Mekanix ainda tem seus fãs, inclusive muitos que defendem ser este o estilo de história que todo o universo mutante deveria seguir. Mas a própria Marvel percebeu que esse formato agrada apenas a uma parcela de leitores, e afasta os outros.

Prova cabal disso, é o fato de o roteirista estar fora dos principais títulos mutantes (X-Men, Uncanny X-Men e Wolverine).

Mas X-Men Extra, na teoria um mero título secundário, acaba servindo como um complemento interessante, ao mostrar vários jeitos de encarar a mitologia e o andamento das sagas mutantes.

A polêmica, claro, passa para os leitores. Já está até monótono ler as seções de carta, em que se alternam fãs defendendo X-Treme ou X-Force (algo similar ao que está acontecendo com os que adoram e odeiam o trabalho de Garth Ennis, na revista do Justiceiro).

No entanto, serve para mostrar que uma revista mix que agrada completamente apenas a poucos leitores, tem a possibildiade de oferecer algo de legal a quase todo mundo.

Classificação:

4,0

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