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Reviews

X-MEN EXTRA # 29

1 dezembro 2004


Autores: X-Treme X-Men - Chris Claremont (roteiro) e Salvador
Larroca (desenhos);

X-Táticos - Peter Milligan (roteiro) e Michael Allred (desenhos);

Exilados - Judd Winick (roteiro) e Kev Walker (desenhos).

Preço: R$ 6,00

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Maio de 2004

Sinopse: X-Treme X-Men - Enquanto Tempestade se recupera,
Sábia e Bishop investigam um assassinato que tem como principal suspeito
um dos pupilos de Emma Frost. É o início da saga Cisão.

X-Táticos: Vênus Dee Milo está frente a frente com o Guy do Mal.
Será que o Sr. Sensível realmente mudou de lado?.

Exilados - Tony Stark é um ditador que dominou o mundo sob o traje
do Homem de Ferro. Após destruir quase todos os superseres da Terra e
ter colocado a humanidade ao seu comando, ele agora terá que se ver com
os integrantes do Arma X.

Positivo/Negativo: Esta edição marca, em definitivo, a mudança
de foco de X-Treme X-Men. Se no começo Chris Claremont preferia
apostar em idéias batidas, como aliens, vilões misteriosos, batalhas épicas,
personagens inéditos e afins, agora coloca a revista num novo rumo, com
uma visível influência dos New X-Men de Grant Morrison, mas sem
abandonar os roteiros fantasiosos que lhe são característicos.

Aproveitando-se tardiamente da "saída do armário" de Xavier, Claremont
tenta apresentar essa questão do ponto de vista dos humanos: como será
que os homo sapiens encaram sua indiscutível jornada rumo à extinção?
Seria um argumento interessantíssimo, não fosse pelos constantes clichês
que permeiam a obra do roteirista nos últimos anos.

E dá-lhe personagens individualistas e planos que mais parecem caricaturas
de si mesmos! Diálogos longos, óbvios e excessivamente descritivos (em
todas as edições aparece um personagem explicando como funcionam seus
poderes) e situações inverossímeis, como aquela em que a polícia entrega
o caso a Sábia e Bishop, mesmo após eles terem se passado (ilegalmente,
claro) por agentes federais.

A arte de Salvador Larroca pouco ajuda. Embora o artista espanhol, visivelmente
influenciado por Jim Lee, seja competente, seus desenhos são excessivamente
estáticos, não transmitem a idéia de movimento. As cenas de ação, sempre
presentes quando se trata de um roteiro de Claremont, são prejudicadas
pela falta de arte seqüencial, passando a clara impressão de que tudo
aquilo é falso.

Outro agravante no trabalho de Larroca é a liberdade que toma em relação
aos desenhos. Além de já ter mostrado Vampira e Gambit se beijando sem
maiores complicações em uma edição passada, agora ele cria outra situação
improvável: na página 36, Sábia acaba de abater um dragão, fazendo-o cair
no chão. No quadro inicial, a mutante está sobre o bicho, com uma arma
apontada para ele. Bishop está logo à sua frente, no chão. Dois quadrinhos
depois, na mesma página, o monstro está escalando um prédio, e Bishop,
que havia subido nele, tenta controlá-lo.

Apesar dos pesares, a evolução de X-Treme é notável. Depois da
infame morte de Psylocke e da enjoativa invasão alienígena em Madripoor,
já estava na hora de Claremont partir para um tema mais adulto. Pena que
o resultado não é tão bom quanto poderia.

Há de se destacar ainda, a nova homenagem feita por Claremont à série
Arquivo X. Depois de inserir os Pistoleiros Solitários (integrantes
do elenco de apoio do seriado) na saga da Invasão de Khan, agora
o autor batiza a primeira história de Os Arquivos X-Treme, faz
uma série de alusões às clássicas "chegadas" de Mulder e Scully à cena
do crime (com Bishop e Sábia representando os agentes) e dá ao xerife
responsável pelo caso o nome de Mulder. Mais direto, impossível.

Em X-Táticos, mais uma boa história de Peter Milligan. Embora os
roteiros não transpirem mais o vigor de quando o argumentista reformulou
a X-Force, ainda representam uma leitura no mínimo interessante
e anticonvencional. O diálogo nas páginas 58 e 59, entre Vênus Dee Milo
e seus colegas de grupo ("O que é isso? Um motim? Um golpe?", diz ela;
"Ou, ainda pior, uma democracia?" rebate Vivisector) é de arrancar sorrisos
mesmo de quem não é fã do grupo.

Por fim, Exilados completa o mix com a primeira parte da
saga Mão de Ferro. Um roteiro enxuto, bem-feito e escapista o suficiente
para fixar o título como um dos mais despretensiosos da "Casa de Idéias".

Judd Winick conduz a trama sem cair em clichês e fornece uma visão realista
do que o imperialismo poderia vir a ser se super-heróis realmente existissem.
Colocar o Homem de Ferro como um ditador, e o mundo como um lugar feio
e inóspito não é algo que se vê em qualquer história por aí.

A arte de Kev Walker, embora não seja excepcional, também não compromete.
Caprichando nos tons escuros para reforçar a idéia de desolamento, sua
arte cai como uma luva para o argumento de Winick. Repare nas belas, porém
sempre dramáticas, retratações da luta entre Tony Stark e Doutor Destino
(páginas 80 e 81) e da base dos Inumanos (86). E veja como, na página
79, Stark tem feições bastante semelhantes às do ex-ditador iraquiano
Saddam Hussein!

Em suma, uma edição divertida e competente, que deixa expectativas para
o próximo número.

Classificação:

4,0

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