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Reviews

X- MEN EXTRA # 32

1 dezembro 2004


Título: X- MEN EXTRA # 32 (Panini Comics) - Revista mensal

Autores: X-Treme X-Men - Chris Claremont (roteiro) e Igor Kordey (desenhos);

Exilados - Chuck Austen (roteiro) e Clayton Henry (desenhos).

Preço: R$ 6,50

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Agosto de 2004

Sinopse: X-Treme X-Men - O grupo de Tempestade foi atacado pelos asseclas de William Stryker, e precisa se livrar da ameaça antes que seja tarde demais.

Enquanto isso, em, o reverendo descobrirá, junto com sua aliada, Lady Letal, e sua prisioneira, Kitty Pryde, que os X-Men não são os únicos interessados na ruína de seu plano.

Exilados - Logo em sua primeira missão, Illyana resolve liquidar os Vingadores. Não será nada fácil!

Positivo/Negativo: Sem a presença dos X-Táticos, esta edição de X-Men Extra traz uma reunião de histórias medianas e pouco empolgantes, provavelmente a pior desde que a revista assumiu o mix atual. A equipe de Peter Milligan ficou de fora para que a cronologia dos Exilados não ficasse defasada, já que o título teve duas histórias publicadas em julho de 2003.

Se no último número Chris Claremont já aparentava estar rumando ao fracasso com a continuação de Deus Ama, O Homem Mata, neste ratifica todas as más expectativas em relação à obra e entrega um dos argumentos mais estapafúrdios de sua carreira. É não só uma história ruim, como também o pior arco de X-Treme X-Men, um título que, desde seu começo, não demonstrava qualidade.

Claremont abusa dos clichês ao mostrar os mutantes tentando se livrar dos assassinos enviados por William Stryker. Além de relegar a Bishop o batidíssimo arquétipo de "exército-de-um-homem-só" e colocar Tempestade em sua tradicional posição de mártir, o roteirista ainda cria uma das passagens mais absurdas da revista.

Na página 7, Tempestade é atingida no ar por um míssil e despenca. Enquanto a heroína cai, há tempo de Sábia, ferida, arrastar Sam Guthrie (que estava imobilizado e, muito provavelmente, era mais pesado que ela) até perto de Wolverine e ajeitar seu corpo no ângulo exato para que Logan pudesse soltá-lo sem feri-lo. Livre, Guthrie usa seus poderes para decolar e salvar a Ororo, que, acredite, ainda não havia atingido o solo!

Antes da ação de Sábia, Claremont ainda mostra Bishop lutando! Uma cena totalmente inverossímil em termos de noção de tempo.

A partir daí, o roteiro vai colecionando absurdos. Primeiro, há uma cena de lavagem cerebral totalmente forçada e pouco convincente, em que Kitty Pryde confronta projeções de si mesma baseadas em seus sonhos de infância.

Em seguida, é apresentada uma passagem no QG high-tech de William Stryker, onde Claremont insere ainda mais mudanças nos poderes de Lady Letal e introduz um novo personagem que, como é praxe em X-Treme X-Men, não desperta nenhum interesse.

Concluindo a primeira parte, há uma cena risível na qual Letal, dominada por um inimigo, ataca Stryker, que foge levando Pryde e usando uma espécie de "armadura", tão vexatória que poderia ter sido usada por um vilão de desenho animado da década de 1970.

Mas não acaba aí. Claremont arranja espaço para criar uma conexão antiga entre Stryker e Yuriko Oyama - dando mais um exemplo de sua mania irritante de fazer inserções retroativas no passado dos personagens - e realiza uma tentativa (fracassada) de causar nostalgia nos leitores, com uma "homenagem" insossa à introdução de Kitty Pryde no universo dos X-Men.

Um número de escorregões tão grande, por si só, já denuncia a má qualidade do roteiro. Uma leitura mais atenciosa permite até a um leitor mais leigo constatar: Deus Ama, O Homem Mata II é uma das piores histórias escritas para os X-Men em toda sua existência.

A total falta de criatividade que vem permeando o trabalho do autor desde seu retorno ao universo mutante é agora elevada a um nível alarmante que, mais do que desconforto, causa indignação.

E a arte de Igor Kordey só serve para empurrar a qualidade da história mais pra baixo. Embora ele apresente uma melhora sutil na construção de fisionomias, seu traço continua sujo e as cenas de ação não convencem. A narrativa está correta, e apenas isso - muito pouco para alguém que se propõe a substituir Brent Anderson.

A Kordey faltam não só algumas horas extras na aula de desenho, mas também autonomia para dar vida ao trabalho. A arte é inexpressiva e desaponta até mesmo o mais eufórico dos fãs. Falta ousadia, criatividade, força de vontade e tudo mais que difere os desenhistas de verdade dos que se prendem no lugar-comum e acabam condenados a "tapar buracos" durante toda a carreira.

Como aconteceu com Kordey, primeiro em New X-Men (substituindo Frank Quitely), e agora em X-Treme (no lugar de Salvador Larroca).

Em Exilados, Chuck Austen surpreende. Sua história - a primeira do grupo sem a presença de Blink - não tem nada de excepcional, mas consegue estar anos luz à frente de seu trabalho junto aos Fabulosos X-Men.

A trama, bem construída, se passa em uma interessante realidade em que todos os heróis trabalham para uma gigantesca multinacional, a "Heróis de Aluguel Ltda.", e salvam o mundo não por altruísmo, mas por dinheiro.

Seria o plot perfeito para se discutir ideologias, criticar o capitalismo, fazer analogias com o mundo real e até falar de existencialismo. Mas Austen não é Peter Milligan, e segue por outro caminho.

O cenário inusitado criado pelo autor, na verdade, serve só como pano de fundo para que o leitor descubra a personalidade sombria da nova integrante dos Exilados, Magia. Ao contrário de sua contraparte no universo regular dos X-Men, a Illyana Rasputin que insurge na história é totalmente fria e inescrupulosa, capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos. E ela quer matar os Vingadores (também contratados da Heróis de Aluguel Ltda.) para que eles não impeçam Moses Magnum de dominar o mundo.

Como não poderia deixar de ser em uma HQ mainstream, a missão gera polêmica entre os politicamente corretos integrantes da equipe. Devem os Exilados ser coniventes com o genocídio e a dominação mundial, apenas cumprindo a missão que lhes foi passada, ou devem seguir seus princípios e tentar salvar o planeta sozinhos? Para saber a resposta, lembre-se que esse é um trabalho de Chuck Austen. Então, opte pelo clichê.

Com as questões de valor moral devidamente saldadas, Austen parte para o que interessa. O leitor acompanha a malvada Illyana em dois momentos importantes: primeiro, traindo e mentindo para seus companheiros, e depois entrando em conflito com os Vingadores, grupo do qual faz parte seu irmão, Piotr Rasputin, o Colossus.

É o suficiente para fazer a história valer a pena. Assistir à dissimulação de Magia enquanto ela banca a "ovelha negra" da equipe funciona como um passatempo perfeito até mesmo para quem não gosta das aventuras dos Exilados.

E é isso. O roteiro ainda traz alguns absurdos - como Magnum e Namorita se beijando enquanto seus asseclas aniquilam civis ao fundo, e a irritante benevolência ingênua de Colossus, aqui elevada a um nível inverossímil - e também a descaracterização das piadas do herói comediante Morfo (que na época de Judd Winnick lembrava o Monty Python, e agora está mais para Zorra Total), mas nada que se sobressaia a ponto de tirar o destaque da anti-heroína Magia. Nem mesmo as tramas paralelas, com os demais integrantes da equipe, conseguem atrair alguma atenção.

O roteiro de Austen lembra muito os trabalhos de Frank Tieri e Daniel Way nas revistas Wolverine e Venom, respectivamente. Em todos os casos, a diversão é colocada em primeiro plano e o leitor só é obrigado a pensar em um ou dois momentos isolados.

O que vale mesmo é o escapismo, e nesse quesito os três escritores conseguem se sair relativamente bem. Principalmente Austen, que tenta incessantemente seguir o caminho inverso em Fabulosos X-Men e continua entregando uma edição ruim atrás da outra.

Talvez, em Exilados, o roteirista tenha finalmente descoberto como fazer seu trabalho render: não se levando a sério. O resultado, assim como em Wolverine e Venom, é extremamente leviano. Mas ao menos não passa em branco.

Classificação:

4,0

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