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Reviews

X-MEN EXTRA # 34

1 dezembro 2004


Título: X-MEN EXTRA # 34 (Panini Comics) - Revista mensal

Autores: X-Treme X-Men - Chris Claremont (roteiro) e Igor Kordey (desenhos);

Wolverine e Dup - Peter Milligan (roteiro) e Darwin Cooke (desenhos);

Exilados - Chuck Austen (roteiro) e Clayton Henry (desenhos).

Preço: R$ 6,50

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Outubro de 2004

Sinopse: X-Treme X-Men - A suposta morte do Reverendo Paul faz o Monte Refúgio entrar em colapso e coloca os X-Men a um passo da verdade. E na nova saga Intifada, o grupo de Tempestade se infiltra em uma reunião de líderes mundiais para descobrir qual será a nova atitude da humanidade em relação aos mutantes, agora que eles já não são mais um "problema" isolado.

Wolverine e Dup - Totalmente desconfiados um do outro, Wolverine e Dup vão atrás do sanguinário Joe Caçador para recuperar o Mink Pink. Isso se eles não forem mortos - ou se matarem - no processo.

Exilados - A equipe de Mímico está no meio do fogo cruzado entre Destrutor, os X-Men e uma alcatéia de lobisomens. Será que sai todo mundo vivo dessa?

Positivo/Negativo: Na última parte de Deus Ama, O Homem Mata II, Chris Claremont mantém o péssimo nível de qualidade que marcou a saga desde sua estréia. Foram sete capítulos de argumento ruim, trama confusa e personagens apáticos. Os X-Men, os leitores e, principalmente, o reverendo William Stryker (protagonista da graphic novel original, de 1982), mereciam mais.

Com a difícil missão de criar um final coeso, Claremont resolvei "inventar" e fez um dos finais mais estapafúrdios de toda a carreira dos mutantes. Há de tudo: Stryker ficando bonzinho e se sacrificando pela redenção, Lady Letal sendo despedaçada, nanorrobôs inoculados pelo ar e até Kitty Pryde cogitando candidatar-se a um cargo político.

Mas o pior é a nada convincente "junção" dos elementos principais da trama. Basicamente, se resume a isso: o Monte Refúgio era, na verdade, mais uma base secreta onde mutantes eram cruelmente explorados pelos humanos (assim como em Arma X e em qualquer outra HQ em que o clichê do diretor frio e calculista seja necessário para passar a noção de se estar lutando contra um sistema), mas que falhou quando o computador central assumiu personalidade própria e sabotou o programa.

A máquina, então, transferiu sua inteligência artificial para o corpo de um dos prisioneiros e passou a usar os equipamentos do programa para construir um vilarejo utópico, onde mutantes pudessem viver em paz. Para isso, porém, exterminou algumas centenas de humanos que estavam no caminho e passou a controlar os habitantes por meio de nanorrobôs transmitidos pelo ar, que, gradativamente, substituíram seus sistemas nervosos.

A cruzada montada pelo Reverendo Stryker em parceria com Yuriko Oyama, no entanto, desvendou o programa e passou a rastreá-lo, e os X-Men, que estavam atrás do pastor, entraram na história de bandeja.

Confuso, pobre e, o pior, totalmente carente de essência. Deus Ama, O Homem Mata II é uma soma descabida de elementos dispersos e semanticamente vazios, que vai do nada a lugar nenhum. Se X-Treme acabasse aqui, o "conjunto da obra" de suas 33 edições poderia ser facilmente considerado um grande desperdício de papel.

Mas a revista continua. E a nova saga, Intifada, chega mais para acelerar a continuidade do que para apagar logo da mente dos fãs o arco interior.

Não que seja um grande salto de criatividade (será que Claremont ainda tem capacidade para tal?), mas consegue injetar uma quantidade razoável de ânimo novo num título que estava além do fundo do poço. Isso porque o roteirista finalmente se afasta de sua amada fórmula "mutantes heróicos versus vilões malvados", para tocar na temática do preconceito (que Grant Morrison vem tão bem explorando em Novos X-Men), como já havia feito na minissérie Mekanix. E até que dá certo.

A história é mais madura do que as anteriores, e retrata o terrorismo mutante, a preocupação governamental, o papel político e social da Corporação X e até uma possível manifestação concreta do sonho de Xavier. Tudo de forma natural, sem forçar a barra.

A trama traz dois convidados especiais. O primeiro é o presidente George W. Bush, participando, junto a outros líderes mundiais, de uma reunião sobre a causa mutante. O segundo é Roberto da Costa, o único herói brasileiro entre os X-Men, aqui colocado como um dos responsáveis pela filial da Corporação X em Los Angeles e se mostrando bastante influente junto ao prefeito - sinalizando a força que o nome Xavier tem agora junto à humanidade.

A trama ainda está morna, mas promete esquentar nas próximas edições. O jeito é aguardar e ver se Claremont conseguirá se redimir ou se desperdiçará todo o potencial da história (como já fez, por exemplo, com a morte de Colossus).

Essa saga tem gerado comentários entre os fãs devido a pequenas curiosidades apontadas durante o decorrer da trama. Nessa edição, pode-se destacar:

1) A descrição de Lila Cheney como "teleportadora interestelar; ladra interestelar; estrela do rock interestelar e namorada do Sam". Ou seja, não bastasse a repetição do termo, o fato da moça estar namorando Míssil se tornou relevante a ponto de contar na lista de poderes.

2) Tempestade e Vampira caracterizadas, respectivamente, como Halle Berry e Anna Paquin, suas intérpretes no cinema, sendo que Ororo está até de cabelo curto.

3) Gambit com penteado engomadinho, óculos à la Ciclope e o rosto de Pierce Brosnan (como Bush bem observa numa piadinha infame, na página 37).

4) Bishop com a cabeça semi-raspada, parecendo Wesley Snipes.

5) Vampira, que namora Gambit, cumprimentando Bishop com um agarrão e um nada discreto beijo na boca.

6) Novamente Vampira, justificando sua tatuagem no braço com a frase "Ainda não consigo expor tanta pele, a pintura me dá a impressão de estar vestida", enquanto traja um apertado top tomara-que-caia e momentos depois de estar usando um shortinho minúsculo e uma miniblusa idem.

Na resenha da próxima edição, a lista continua.

Em Wolverine e Dup, Peter Milligan conclui sua trama de forma cerebral e divertida, adicionando uma dose correta de fantasia à elegância da edição anterior.

O roteiro parte para situações mais inusitadas e alegóricas que, embora dificilmente críveis (como Joe Caçador teria localizado, exterminado e transportado o Monstro do Lago Ness sem que ninguém percebesse?), servem bem ao já alegórico enredo.

Isso apenas confirma a intenção de Milligan em criar uma obra diferente, despretensiosa e livre das amarras da "coerência com a realidade", ainda que desagrade uma boa parcela dos leitores. Mas o escritor é competente e sabe jogar com as cartas que tem.

Por isso, no fim, o leitor poderá se dar conta de que acabou de acompanhar uma história maluca sobre um casaco de pele cor-de-rosa com poderes especiais e, ainda assim, se despedir da revista com satisfação. O que prova que liberdade criativa, nas mãos de quem sabe o que fazer com ela, pode render enredos bem mais cativantes do que as tramas mercadologicamente corretas que pipocam nas bancas todo mês.

O desenhista Darwin Cooke também merece crédito. Seu estilo é uma mistura eclética de elementos - estética retrô, clima de filme noir, abuso de tons escuros e cores chapadas (principalmente o rosa, claro) e caracterização à la anos 50 de ambientes e personagens -, tudo combinado de forma agradável e interessante. A história é um espetáculo visual.

Em Exilados, o arco Instintos Naturais volta tão sem graça como na última edição. Tudo que havia de errado no começo se repete: roteiro reducionista e superficial, profusão de protagonistas, personagens planos e caricatos (o Homem-de-Gelo parece um mauricinho arrogante) e uma repetição irritante de frases feitas.

E Chuck Austen continua com sua péssima mania de deixar todos os diálogos e situações parecidas com trechos de novela mexicana. Some-se a isso sua falta de talento para mostrar mudanças de personalidade (repare como Destrutor e o garoto Nicholas transitam de malvados para bonzinhos quase como um passe de mágica), e não será difícil adivinhar que toda essa mistura não chega nem perto de dar certo.

Felizmente para os leitores, Judd Werneck volta após o fim desse arco para mais sete edições. Até lá, o jeito é aguardar para que Austen termine sua história de forma minimamente decente. Se bem que, pelo seu histórico, é melhor não esperar em pé.

Classificação:

4,0

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