X-MEN EXTRA # 37
Título: X-MEN EXTRA # 37 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autores: X-Treme X-Men - Chris Claremont (roteiro) e Igor
Kordey (desenhos);
X-Táticos - Peter Milligan (roteiro) e Mike Allred (desenhos);
Exilados - Judd Winick (roteiro) e Jim Calafiore (desenhos).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Janeiro de 2005
Sinopse: X-Treme X-Men - Atuando como agente da ESX, Tempestade
vai até Tóquio para se infiltrar em uma rede clandestina de lutas.
X-Táticos - A cantora Henrietta Hunter foi assassinada pelo governo
britânico por causa de seus trabalhos de caridade. Mas agora está de volta
dos mortos, é mutante e vai criar uma grande intriga internacional.
Exilados - O grupo de Mímico precisará da ajuda de Lorde Crichton,
filho do Union Jack, para conter a ameaça dos Vingadores vampiros.
Positivo/Negativo: É surpreendente, mas Chris Claremont fez de
novo. Bastou um sinal de melhora em X-Treme X-Men para o escritor
voltar aos seus vícios e escrever muito, muito, mal. Tempestade: Arena
é tão ruim que chega ao ponto de não merecer ser lida.
Isso porque a história é apenas uma grande desculpa para Claremont colocar
sua personagem preferida, Tempestade, se exibindo para os leitores num
de seus mais chatos e macarrônicos roteiros dos últimos tempos. Se a trama
pudesse se resumida a um conceito, seria: "quanto mais absurdas e inusitadas
as situações em que Ororo for colocada, melhor fica".
E a fórmula é cumprida à risca. É possível ver Tempestade fazendo de tudo:
declamando infindáveis (e vazios) discursos semi-existenciais, se vestindo
de drag-queen-que-chegou-tarde-no-brechó, socando inimigos à la Street
Fighter (repare na página 36 como ela manda pelos ares, com apenas
um soco, um inimigo que aparenta ter o dobro do seu peso e, depois, o
chuta ainda no ar - uau!), lambendo os beiços por vontade de lutar (alguém
se lembra de até o Wolverine ter feito algo do tipo?), insinuando-se quase
de modo homossexual para Yukio (mais uma personagem descaracterizada pelas
mãos de Claremont), entre outros.
O que torna fácil de adivinhar, portanto, que o resultado obtido com a
fórmula é justamente o inverso do almejado.
Claremont errou de novo, e mais feio do que se poderia esperar. Não que
Igor Kordey e seus traços feios não tenham sua parcela de culpa (Tempestade,
nas páginas 44 e 45, mais parece um zumbi de filme de terror B do que
uma mulher). Mas é graças ao roteiro que X-Treme X-Men saiu de
sua aparente resignação para voltar à lata do lixo, de onde, parece, não
sairá tão cedo.
A Panini, percebendo isso, tomou a acertada decisão de "cortar"
o segundo capítulo no meio (já que todas as quatro partes de Arena
têm um tamanho maior do que o habitual para os títulos de linha norte-americanos),
em vez de publicar só a primeira parte da saga e completar o espaço restante
com alguma historieta de X-Men Unlimited.
A outra metade do segundo capítulo vem na próxima edição, na qual o terceiro
também deverá ser publicado apenas parcialmente. Com a estratégia, Arena
termina na edição 39, e não na 40, acelerando a conclusão desse arco indigesto.
Alguns fãs mais radicais podem até reclamar, mas a editora fez o certo.
Em tempo: na edição 39 de X-Men Unlimited (publicada por aqui na
Wizard # 11), Tempestade visita o Japão e é interceptada por Solaris,
que a confronta dizendo que "há novas regras sobre o movimento de mutantes
no Japão (...) Os X-Men não podem mais ir e vir quando quiserem".
Pois bem, nesta edição Ororo entra no país exatamente da mesma forma (voando,
embora seja bastante inverossímil que ela tenha atravessado todo o Oceano
Pacífico assim) e nenhum agente japonês aparece para incomodá-la. E a
coerência do universo mutante vai para o espaço de novo...
O
melhor mesmo é esquecer as pataquadas de Claremont e pular logo para a
melhor parte, os X-Táticos. A edição traz a aguardada história
em que Peter Milligan ressuscita a Princesa Diana e a integra ao amalucado
elenco de celebridades mutantes. A trama, por si só, já é um divertidíssimo
delírio criativo. E a sua polêmica iniciativa, um complemento que faz
da revista um espetáculo à parte.
O fato é que o anúncio da ressurreição de Diana gerou tanta propaganda
negativa (e repúdio por parte das autoridades inglesas), que Milligan
se viu obrigado a retirar a princesa da história e substituí-la pela cantora
ficcional Henrietta Hunter. A nação de origem da personagem também foi
mudada, para a igualmente inexistente Europa (alteração que se perde na
tradução brasileira, já que fica entendido que se está falando do continente,
e não de um país).
Mas, no fundo, essas mudanças só serviram para injetar uma dose extra
de ironia na obra. Henrietta Hunter é Lady Di, e basta um olhar
mais atento para os desenhos de Mike Allred para perceber que, propositalmente,
a única diferença entre uma e outra é o cabelo.
Além disso, o texto se encaixa perfeitamente na figura da princesa, sinalizando
que a equipe criativa não desistiu de seu conceito original e, mais do
que contornar, utilizou a substituição para enriquecê-lo.
Assimilando isso, fica mais interessante acompanhar a trama, que, por
sua vez, conta com um dos roteiros mais superficiais e esburacados que
Peter Milligan já escreveu. Mesmo assim, por incrível que pareça, funciona
bem.
O escritor parece errar de propósito, como se quisesse montar um quebra-cabeça
da forma certa, mas ligando as peças erradas. E dá certo! Porque, assim
como Grant Morrison sabe glamorizar o excêntrico (Os Invisíveis)
e Brian Bendis consegue aplicar charme ao banal (Alias), Milligan
é capaz de impor uma espécie de lógica fantástica ao absurdo, transformando
suas idéias obtusas em estilo. Pense rápido e responda: nas mãos de qual
outro autor a idéia de uma equipe de mutantes obcecados pelo mundo da
fama daria tão certo?
Então, esqueça os muitos furos do roteiro (Como Henrietta volta à vida?
Por que Guy não gosta dela? Desde quando Vênus Dee Milo solta raios pelas
mãos? Como Spike Freeman consegue sair dos Estados Unidos, entrar na Europa
e invadir a casa e o escritório de Reggie num piscar de olhos e sem ser
notado?) e renda-se às piadas ácidas e ao humor "sem-noção" de Milligan.
Vale a pena.
Não há palavra que resuma melhor a aventura dos Exilados do que
alívio. Se, na última
edição, Judd Winick parecia confuso e perdido em seu retorno aos personagens
que criou, nesta ele reassume o estilo aventuresco que marcou seu trabalho
no início da série e mostra por que a equipe deu certo sob sua batuta.
Prova de que o escritor estava apenas precisando de tempo para se readaptar.
Melhor para o leitor, que recebe uma conclusão simples, divertida e eficiente
para uma história que começou chata e desconexa. O ar de ingenuidade que
Winick impõe às suas tramas poderia até ser considerado como um atalho
fácil para atrair fãs menos exigentes, mas o escritor sabe criar um conjunto
que transpassa essa condição.
O fato é que Exilados é um título de aventura, às antigas, e não
nega isso. Tem seu nível de pretensão (nada que se compare a X-Treme
X-Men), mas se conforma em ser pequeno e, pelo menos nas mãos de Winick,
sabe ser bom assim. É suficiente.
Assim como os demais títulos da Panini, X-Men Extra sofreu
um aumento de R$ 0,40 nesta edição, passando a custar R$ 6,90. Com isso,
os preços igualaram-se aos de quando as revistas eram maiores, tinham
capas cartonadas e possuíam melhor papel de miolo (formato usado desde
a estréia da editora, em janeiro de 2002, até o começo de 2003). A majoração
não foi justificada na seção de cartas.
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