X-MEN EXTRA # 76
Autores: Incontrolável - Joss Whedon (texto), John Cassaday (arte) e Laura Martin (cores);
Colega em apuros - Chris Claremont (texto), Scot Eaton (desenhos), Sandu Florea, Jay Leisten, Dave Meikis, John Dell (arte-final) e A. Crossley (cores);
Turnê mundial - Esquadrão Supremo - Tony Bedard (texto), Jim Calafiore (desenhos), Mark McKenna (arte-final) e Tom Chu (cores).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Abril de 2008
Sinopse: Incontrolável - Na nave da Espada, os Surpreendentes X-Men encaram Ord.
Colega em apuros - Nocturna acorda da operação com seqüelas, e o Excalibur tenta ajudá-la a se recuperar.
Turnê mundial - 2099 - O Homem-Aranha 2099 aliou-se aos Exilados e, na estréia, terá que enfrentar o Esquadrão Supremo.
Positivo/Negativo: Há um motivo para que os X-Men de Joss Whedon e John Cassaday carreguem o epíteto "surpreendentes" - e, no original, "astonishing" - e ele é bem simples: o título realmente surpreende.
Mas Surpreendentes X-Men está longe de ser uma obra-prima dos quadrinhos, e é bom deixar isso claro. A rigor, essas histórias estão apenas entre dezenas de outros bons lançamentos desta década. Tem um roteirista competente. A arte está a cargo de um dos melhores ilustradores do mercado.
Contudo, mesmo o cenário norte-americano de super-heróis oferece, até com certa fartura, material de qualidade semelhante ou até superior - vide Planetary, Liga Extraordinária, Supremos e Grandes Astros - Superman.
Essas histórias de Whedon surpreendem não porque são intrinsecamente boas, mas porque são boas histórias dos X-Men. E é aí que a porca torce o rabo: salvo raras exceções aqui e acolá, a Marvel trata mal sua galinha mutante que põe ovos de ouro.
Aliás, mal é pouco: o universo de revistas mutantes beira a ilegibilidade. São títulos soporíferos. Mais que isso: são uma afronta.
Surpreendentes X-Men é a prova derradeira disso. Em suas páginas, fica evidente que a Marvel sabe exatamente o que precisa fazer para criar um punhado de histórias bacanas. Basta querer. Não chega nem mesmo a ser um grande mistério. Afinal, a revista não foi parida por um milagre. É cria, isso sim, da seleção de um time criativo de primeira linha.
Diante da série de Whedon e Cassaday, os demais títulos mutantes ficam mais que ruins. Eles se tornam vergonhosamente preguiçosos. Viram fruto de uma ganância tosca, ganham cara de um produto criado sem esforço e sem dedicação, destinado a leitores otários - que são apenas fãs, muitas vezes carentes por uma fase mais empolgante.
Assim, Surpreendentes X-Men é uma migalha que a Marvel dá a seus seguidores. Soa como um pedido de "Não desista" ou de "Continue conosco", como se algo fosse mudar. E dificilmente vai.
Afinal, criar uma série de gabarito não tem grandes mistérios. E o caso de Surpreendentes X-Men reforça isso a cada quadro. Não há, em ponto algum, absolutamente nenhuma concessão a seus autores, a não ser a liberdade de trabalhar em um cantinho um pouco distante do resto da mixórdia genética do "Asilo das Idéias".
Incontrolável, por exemplo, está muito longe de ser uma experiência hermética com uma narrativa insana. É apenas uma boa saga espacial dos X-Men, algo que parece se encaixar bem ao gosto dos fãs. O roteiro apresenta uma fórmula quase simplória: combates, naves espaciais, monstros raivosos, duas páginas com uma ceninha romântica (porque X-Men sempre teve seu pé na novela das oito), uma tirada cômica, um desfecho explosivo e ponto final.
Mas é bem feita, com uma arte extraordinária. E isso, nos X-Men, é surpreendente.
A história seguinte é Excalibur, escrita por Chris Claremont. O roteirista foi responsável pelo boom dos X-Men há 30 anos, mas passa por uma fase sofrível. Perto da ruindade de outras histórias, plenas de recordatórios e com muita falação, Colega em apuros não é de todo ruim. Mas não deixa de ser um dramalhão lotado de clichês. O contraste com a trama de abertura, claro, só piora a situação.
Já o arco de Exilados não piora nem se posto ao lado de um Watchmen da vida. Ele está, desde o começo, no fundo do poço. Revela que um dos integrantes do grupo é um skrull (e é melhor você ir se acostumando com isso) e passa até por um tribunal em que Dentes-de-Sabre é amordaçado pelo meirinho a pedido do juiz, ninguém menos que o Falcão Noturno, um pastiche vagabundo de Batman. E é então que Blink grita: "Tirem a mordaça que ele se acalma".
Chega a ser difícil pensar em como se poderia fazer uma história pior.
Classificação: