XAMPU – LOVELY LOSERS
Editora: Devir Livraria - Edição especial
Autor: Roger Cruz (roteiro e arte).
Preço: R$ 29,50
Número de páginas: 80
Data de lançamento: Maio de 2010
Sinopse
Xampu - Lovely Losers é o primeiro de uma série de três álbuns escritos e desenhados pelo quadrinhista brasileiro Roger Cruz, que retrata experiências próprias e alheias vividas durante os anos 80.
A vida e os relacionamentos de Max, Nicole, Sombra e outros são o centro dessa história que resgata o lado "sujo" dos anos 80, marcado pelo sexo, drogas e rock'n'roll.
Positivo/Negativo
Os anos 80 são um tema recorrente, mas geralmente ligado a um resgate da infância de quem viveu essa época. Uma espécie de saudosismo precoce mantém todo um mercado de ex-famosos, desenhos animados e séries que eram reconhecidamente ruins, mas persistem sob uma espécie de verniz de nostalgia.
Chega a ser irônico o fato de que, enquanto as crianças se fascinavam com Bozo, Sérgio Mallandro e outros, toda uma geração de adolescentes vivia em um mundo à parte, regado a álcool, drogas, curtindo relacionamentos abertos mantidos pelo sexo e a conversa sem muito nexo abafada pelo som alto do punk rock. Justamente esse cenário e seus personagens típicos são retratados em Xampu.
O leitor acompanha a trajetória de vários personagens. D'O Sombra, um cara com um estilo "podre" que se destacava por ser de uma banda e "traçar" todas as meninas que apareciam na sua frente. De Max, um cara quieto, misterioso e descolado. De Nicole, a garota que adorava essas festas, se apaixonava pelos caras errados - como O Sombra - e acabava se lamentado com os tipos mais amigáveis, como Max.
A história tem momentos desnecessários - apesar de condizentes com o estilo anos 80 -, como o capítulo sobre o banheiro do bar. Assim como tem um ponto alto (com jeitão de documentário em quadrinhos), quando o narrador começa a entrevistar pessoas para descobrir o que aconteceu com Max depois daquela época.
Agora, o forte mesmo do álbum é seu visual espetacular. Começa pelo projeto gráfico, com a capa utilizando a reserva de verniz para simular um disco de vinil, o papel do miolo em sépia e as letras dos títulos dos capítulos. E, claro, o desenho espetacular de Roger Cruz.
O autor encontrou um ponto de equilíbrio. Seu traço usa bem a estilização, simplificando os contornos. Roger não economiza nas linhas e efeitos gráficos para dar volume e sombra, "acha" tomadas de câmera incríveis e, ainda assim, não abre mão de uma caracterização mais caricata dos personagens - que remete ao estilo das HQs underground dos anos 80.
O resultado é uma complexidade visual extremamente funcional para a história.
Xampu é imperdível para quem foi adolescente nos anos 80 e material de referência para quem gosta de desenhos bem executados e uma excelente narrativa visual.
Classificação: