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Y - O ÚLTIMO HOMEM - NÃO HÁ CAUSA SEM PORQUÊ

1 dezembro 2012

Y - O ÚLTIMO HOMEM - NÃO HÁ CAUSA SEM PORQUÊ

Editora: Panini Comics - Edição especial

Autores: Brian K. Vaughan (roteiro), Pia Guerra (arte), José Marzán Jr. (arte-final), Zylonol (cores) e Massimo Carnevale (capas) - Originalmente em Y - The last man # 55 a # 60.

Preço: R$19,90

Número de páginas: 168

Data de lançamento: Novembro de 2012

 

Sinopse

Não há causa sem porquê - Os destinos das principais personagens da série convergiram para Paris. Aqui acontecerão os encontros e desencontros definitivos da vida de Yorick Brown.

Ai de ti... - O epílogo da história do último homem.

Positivo/Negativo

Naturalmente, Outubro sabia que o ato de virar uma página, terminar um capítulo ou fechar um livro não encerrava uma história.

Tendo admitido isso, reconheceria também que finais felizes não eram difíceis de encontrar: "É apenas uma questão", explicou para Abril, "de encontrar um canto ensolarado num jardim, onde a luz é dourada e a grama é macia; um local para descansar, parar de ler e ficar satisfeito".

A citação é atribuída a G. K. Chesterton e está em um livro da Biblioteca dos Sonhos. Ela aparece ao final do epílogo do arco Estação das Brumas, da série Sandman e merece ser lembrada aqui, uma vez que se chegou ao final da história de Yorick.

Talvez se o leitor for alertado, ele possa escolher um ponto de leitura anterior para abandonar a saga de Yorick. Não porque o desfecho seja insatisfatório ou deixe a desejar como narrativa, mas porque não parece ser um "final feliz".

Para começar, o leitor jamais ficará sabendo exatamente o que deflagrou a peste que exterminou os machos do planeta. Há "explicações" durante a série, mas nenhuma é validada como definitiva e todas parecem, em grau maior ou menor, improváveis.

Assim, se o leitor faz questão de explicações cartesianas e precisas para os "mistérios" da trama, provavelmente vai se decepcionar.

Por outro lado, o que Vaughan deixa claro nesse último volume da série Y - O último homem é que o tal "mistério" é muito menos importante do que o destino dos personagens em si. A vida é bem maior do que explicações cartesianas.

Se há melancolia ao final da história de Yorick, talvez ela se deva justamente ao fato de Vaughan não escolher um ponto para "parar", mas sim ir até o absoluto fim.

Não há causa sem porquêapresenta o clímax que vinha se construindo há diversos episódios. Yorick, Agente 355, Hero, Beth 1, Beth 2, Alter, a agente russa Natalya, a astronauta Ciba Weber e as crianças, enfim, praticamente todo o elenco da série encontra-se em Paris. Conflitos, encontros e desencontros têm desfechos definitivos. Se houvesse um casamento, pareceria último capítulo de novela televisiva.

Mas não é. Vaughan apresenta uma história que, pela perspectiva de Yorick, aborda temas como amadurecimento, decepção e perda.

O protagonista encontra-se com Beth, a namoradinha de sonho, de lembranças, sempre citada como a principal motivação pessoal de suas viagens pelo mundo.

Lógico que a realidade vai bater de frente com as expectativas. Beth não é mais a mesma mulher que Yorick namorava, e ele se dá conta de que também não é mais o mesmo homem.

É com o reencontro com Beth que pode se perceber o quanto o personagem Yorick foi transformando-se sutilmente ao longo da série.

Acontecem outros encontros definitivos em Não há causa sem porquê. Um deles com Alter, a soldada israelense. Se antes Vaughan havia mostrado com certa imparcialidade as razões das atitudes belicosas da personagem, é Yorick que revelará a estupidez e insignificância do objetivo final da militar.

O embate final entre os dois mostra mais do tipo de homem que Yorick se tornou e também que tipo de velhas ideologias esse homem está deixando para trás.

Finalmente, Ai de ti... mostra um cenário 60 anos depois dos eventos ocorridos em Paris. Trata-se de um epílogo de verdade, mostrando não só o que aconteceu com os principais personagens da série, como também que tipo de mundo surgiu após todo esse tempo.

Vaughan apresenta uma perspectiva bastante otimista. A raça humana escapa da extinção graças às experiências da doutora Mann e o futuro parece uma utopia promissora.

Entretanto, o centro da história é Yorick, que se consagra como um protagonista na acepção completa da palavra. Aos 85 anos, velho, encarcerado, mas longe de mostrar qualquer sinal de decadência ou senilidade.

Trocando uma ótima sequência de frases de efeito com seu improvável interlocutor, Yorick parece satisfeito com o tipo de homem que todas as suas perdas pessoais o tornaram.

Sem "dor, penúria ou mágoa", como sugere o interlocutor, mas com uma certa dureza, uma força que só pode ser adquirida passando por tudo o que passou. "Saia por aí e deixe que pisem no seu coração", Yorick diz, "aí ele vai estar pronto quando você precisar dele".

O roteirista contou uma boa história, explorou bem as possibilidades e criou personagens empáticos o bastante para que o leitor realmente se importasse. Mais que isso: valeu-se de suas tramas para abordar diversos temas sobre os quais vale a pena refletir.

Ao final, a praga que dizimou os machos do planeta permanece como um mistério. Mais importante do que isso foi a trajetória desse "último homem", que parece ter aprendido que não compreendemos o valor de certas coisas, momentos, pessoas, até que nos damos conta de que passaram e nunca mais vão voltar.

À parte todas as considerações sobre filosofias, ideologias e políticas e os eventuais pontos baixos, Y - O último homem foi uma série que se firmou como um ótimo entretenimento e manteve-se acima da média.

Oxalá apareçam outras séries assim.

 

Classificação:

4,0

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