YOUNGBLOOD # 1
Editora: Awesome - Revista mensal
Autores: Alan Moore (roteiro), Steve Skroce (desenhos), Lary Stucker (arte-final), Tanya, Ron Rife, Don Skinner, Brett Evans, Richard Horie e Jeremy Shepherd (cores).
Preço: US$ 2,50
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Fevereiro de 1998
Sinopse
Um parasita alienígena está à solta na Terra, controlando a mente de seres inocentes e espalhando morte e destruição.
A situação piora quando ele começa a dominar os integrantes da equipe de super-heróis adolescentes Youngblood.
Positivo/Negativo
Criação do polêmico Rob Liefeld, o título Youngblood surgiu com estardalhaço no mundo dos quadrinhos em 1992, como parte do lançamento da Image Comics.
A editora ascendente foi criada por desenhistas superstars insatisfeitos com o tratamento recebido na Marvel, tais como Todd McFarlane, Jim Lee e Erik Larsen, além do próprio Liefeld.
A revista aproveitou ideias do artista para uma versão diferente dos Novos Titãs e versava sobre um grupo de operativos do governo norte-americano, dotados de poderes fantásticos e sob constante escrutínio da mídia. Texto e arte, contudo, eram sofríveis.
A série conseguiu reunir os piores elementos dos quadrinhos na década de 1990: roteiro inexistente e violento, personagens truculentos e ilustrações apelativas sem apreço pela anatomia humana. Liefeld ainda tratou de contratar escritores de renome para salvar sua revista, mas versões de Kurt Busiek, Mark Millar, Robert Kirkman e Joe Casey acabavam sempre se deparando com problemas editoriais e nunca decolaram.
No meio de tudo, contudo, uma reformulação do Youngblood assinada por Alan Moore se destaca pelo frescor na narrativa e ideias diferentes.
O bruxo inglês tinha grandes planos para a equipe, que incluíam todo o universo ficcional da editora Awesome. Liefeld foi expulso da Image, e decidiu confiar a Moore a tarefa de revitalizar seus personagens.
O roteirista já escrevia Supremo - uma bela homenagem ao mito do Superman -, e definiu planos para Glory (a versão de Liefeld para a Mulher-Maravilha) e o Youngblood. A nova revista, entretanto, durou apenas duas edições, mas resiste como a mais vibrante encarnação do grupo e um trabalho pouco conhecido do autor de Watchmen, que merece ser conferido.
Assim como em seu trabalho com Supremo, Moore alterou drasticamente a essência do título e flertou com obras clássicas no gênero. O novo Youngblood não era mais filiado ao governo, seus integrantes eram adolescentes e o tom das histórias seria mais imaginativo e aventuresco. Além disso, os jovens heróis eram todos ligados a elementos marcantes do Universo Awesome, como a ingênua e poderosa Suprema.
O Youngblood de Moore e Skroce tinha mais em comum com os Titãs da DC do que com as outras encarnações da equipe, mas os autores fugiram das referências óbvias e moldaram um painel único de ação.
Esta história de abertura se destaca pelos detalhes impensados na condução da trama, como uma supervelocista trocando de roupa enquanto corre em direção ao perigo. Os diálogos aludem a uma era passada na cronologia dos heróis, imaginando sagas que nunca existiram de fato, mas ajudaram a compor o clima nostálgico da edição.
Até as flechas com truques especiais da década de 1950 foram lembradas. Mesmo assim, Rob Liefeld não esqueceu totalmente os vícios dos tempos da Image: a edição saiu com 12 capas variantes!
A passagem de Alan Moore pela Awesome marcou uma fase de quadrinhos mais nostálgicos e inocentes na carreira do roteirista, na direção contrária à tendência que ele próprio definira, anos antes, com Watchmen e A piada mortal.
De certa forma, ele nunca ficou contente em ver como a indústria reagiu à publicação de suas obras seminais, emulando apenas o lado negativo das histórias, e se esforçou para mudar mais uma vez a face dos quadrinhos. Verdade que essas duas edições de Youngblood não figuram entre os melhores trabalhos do autor, mas sintetizam uma guinada criativa rumo a super-heróis mais puros e reluzentes.
Classificação: