Confins do Universo 204 - Marcelo D'Salete fazendo história (em quadrinhos)
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ZARATHUSTRA

1 dezembro 2003


Título: ZARATHUSTRA (Via Lettera) - Edição Especial

Autores: Jerri Dias (roteiro) e Daniel Moraes (desenhos).

Preço: R$ 28,00

Número de Páginas: 104

Data de lançamento: Agosto de 2003

Sinopse: Uma criatura humanóide gigantesca, batizada como Zarathustra, vem do espaço e paira nos céus do Saara.

A humanidade, perplexa, começa a questionar suas convicções religiosas, científicas e políticas enquanto tenta descobrir que tipo de criatura é aquela.

Positivo/Negativo: Uma boa história, ágil, bem conduzida, com desenhos eficientes em preto e branco, com estilo bem definido. Parece que não é nada menos que a obrigação de um quadrinhista, mas, atualmente, isso acaba sendo um mérito.

Jerri Dias e Daniel Moraes estréiam em álbum, depois de já terem participado de antologias e salões, com uma HQ acima da média. A história em si é, de certa forma, vencedora de uma seleção, uma vez que leva o selo do Fumproarte, um fundo da prefeitura de Porto Alegre que financia, em até 80%, projetos de arte e cultura a partir de uma seleção rigorosa e disputada.

Em alguns momentos, os autores lembram muito o mestre Will Eisner, que, em Um Sinal do Espaço (publicado aqui pela Editora Abril, na década de 1990, na série Graphic Álbum), mostra as reações da humanidade ao descobrir que existe vida inteligente lá fora.

O tema de gigantes misteriosos aparecendo em desertos também está no mangá Evangelion, mas aí a abordagem das conseqüências já é bem diferente. E, bem de relance, há uma relação com Superman que pode ser desenvolvida, mas é preferível nem entrar no mérito aqui.

Dessas HQs, Zarathustra é a mais calcada no mundo real, e tem temas bem contemporâneos, como a relação do Ocidente com o Oriente Médio, a partir de discussões e decisões da ONU.

O embate entre cristianismo, judaísmo e islamismo também aparece - Zoroastro (o nome em português para Zarathustra) é o profeta mitológico que deu as bases para as três religiões.

Mas há um grande porém: o final é repentino, uma saída fácil demais. Não é inverossímil (até é plausível, se pensarmos que Zarathustra tem esse pé fincado no mundo real), mas toda verossimilhança serve para a ficção.

Fora isso, em alguns poucos momentos (mesmo!), a finalização do traço de Moraes deixa a desejar. Nada que comprometa a obra, que é mais uma prova de que o Brasil sabe, sim, produzir bons quadrinhos com apelo comercial, e é uma pena que leitores ainda questionem isso.

A edição da Via Lettera está bem cuidada, e apresenta apenas uma falha: no primeiro quadro da página 38, há duas imagens sobrepostas. Na verdade, a arte "invasora" era o último quadrinho da 37, que, por um problema de gráfica, gerou esse efeito estranho.

Para os leitores de Porto Alegre e arredores, fica o convite para o lançamento de Zarathustra no dia 1º de setembro, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country (Av. Túlio de Rose, 80 - Loja 302), a partir das 19h.

Classificação:

4,0

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