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ZÉ GATÃO - CRÔNICA DO TEMPO PERDIDO

1 dezembro 2003


Autores: Eduardo Schloesser (texto e desenhos).

Preço: R$ 26,00

Número de páginas: 120

Data de lançamento: Julho de 2003

Sinopse: Zé Gatão é um mestiço de gato e lince que perambula, em aventuras repletas de violência e sexo, por um mundo onde todos os seres são antropomórficos - cabeças de animais em corpos humanos.

Sempre sozinho, sem grana e quebrando a cara em relacionamentos amorosos, ele sai pelo mundo em busca de novos caminhos. Mas o seu faro para encrencas é tão aguçado quanto seus sentidos!

Positivo/Negativo: Seis anos depois de estrear, num álbum independente,
Zé Gatão está de volta, agora pela Via
Lettera
. E o retorno é muito bem-vindo.

Em Crônica do Tempo Perdido são apresentadas seis histórias do personagem, sempre mostrando as desventuras do protagonista. E como Zé Gatão está longe de ser um super-herói ou um "mocinho", não espere por finais felizes.

Os roteiros (com muitas experiências pessoais adaptadas) estão longe de ser geniais, mas estão bem amarrados e cumprem seu papel de entreter o leitor. Mas é no desenho que está o ponto forte do livro. Eduardo Schloesser, definitivamente, não é um autor "comercial". Com grande influência européia, gosta de trabalhar mais sua arte, pesquisar referências visuais e literárias etc.

Schloesser demonstra um bom conhecimento de anatomia, contrasta luz e sombras com competência e faz belas "tomadas de câmeras" em seus quadrinhos. Isso tudo somado ao fato de que ele não sugere nada ao leitor, preferindo sempre mostrar as cenas (especialmente as de sexo e violência) com o maior detalhismo possível, torna sua arte inquietante!

Por essa razão, é estranho que duas cenas em que o resultado seria violência absolutamente explícita estejam tampadas com grandes onomatopéias, que, inclusive, apresentam uma pixelização (quando o traço do desenho fica serrilhado) significativa.

Bastante versátil, o artista também costuma experimentar novas técnicas em suas obras. Neste álbum, na história Palavras Venenosas, ele trabalha até com caneta de retroprojetor com esferográfica. Mas o grande destaque fica com as pin-ups que intercalam cada capítulo e com a trama muda (sem nenhum balão) Nada Pessoal, na qual é mostrada uma sensualíssima transa entre dois guaxinins. Em ambas, Schloesser finalizou os desenhos com lápis número 6. O resultado ficou belíssimo.

Merece uma leitura mais atenta a história As Noites do Texugo, na qual o autor tenta "interpretar" o raciocínio de um psicopata que sente prazer em matar. Essa trama serve também para mostrar que Zé Gatão está longe do estereótipo do personagem principal que sempre se dá bem.

A edição da Via Lettera, relevando-se algumas páginas um pouco pixelizadas, está de primeiro nível, com boa impressão e acabamento.

Classificação:

4,0

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