Zero Eterno # 4
Editora: JBC – Série em cinco edições
Autores: Naoki Hyakuta (história original) e Souichi Sumoto (desenhos) – Originalmente publicado em Eien no Zero (tradução de Naguisa Kushihara).
Preço: R$ 23,90
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Agosto de 2015
Sinopse
Traçando um perfil sobre o seu avô, Kyuzo Miyabe, um piloto de um Mitsubishi A6M Zero que morreu como kamikaze durante a Segunda Guerra Mundial, os irmãos Kentaro e Keiko continuam ouvindo, num hospital de Tóquio, o primeiro-oficial de voo que serviu na campanha da Ilha de Guadalcanal, no arquipélago das Ilhas Salomão.
Dentre novos relatos, eles vão atrás de um ex-sargento de manutenção da Marinha Imperial nipônica, responsável pelos motores dos caças Zero; um ex-tenente que foi membro da Tokkotai, responsável pelos ataques suicidas; e um antigo oficial superior de aviação e ex-membro da máfia japonesa.
Positivo/Negativo
“Sobreviver significa conhecer de perto o medo da morte”. Com esse pensamento, o octogenário Genjiro Izaki retoma suas lembranças sobre a guerra, começadas na edição anterior.
Um crime de guerra causado por Kyuzo Miyabe comentado nos primeiros volumes é trazido à tona novamente, porém com outro ponto de vista e uma revelação surpreendente.
Esse episódio também causa reflexão tanto sobre os traumas de guerra quanto as decisões que são tomadas para sobreviver no cenário caótico e premeditado das batalhas aéreas.
Já com o depoimento do ex-sargento de manutenção da Marinha Imperial, é descortinado um pouco mais da determinação do Miyabe, que seria um exímio profissional de go – popular jogo de tabuleiro entre países do leste asiático – caso não houvesse a guerra.
Com o terceiro entrevistado, um ex-tenente que foi membro da reserva de Tokkotai, é retomada a perspectiva mais fatalista do jornalista presente na edição anterior, amigo da irmã de Kentaro.
Naquela época, morrer em campo de batalha era motivo de orgulho, mas para o repórter que quer catalogar esses casos, os kamikazes eram apenas fanáticos ultranacionalistas que sacrificavam suas vidas pelo Imperador, assim como os homens-bomba nos recentes conflitos do Oriente Médio.
Para o jovem jornalista, a evolução japonesa após as bombas atômicas e a derrota na Segunda Guerra Mundial foi devido ao combate àquela ideologia, tida por ele como “lavagem cerebral” e defendida pelo ex-oficial, que joga luz em alguns pontos por ter sido uma testemunha ocular.
Interessante acompanhar ambas as linhas de raciocínio e suas camadas, independentemente do argumento e do nível de persuasão dessas gerações tão distintas, mas conectadas.
Por fim, com o antigo oficial superior de aviação e ex-membro da Yakuza, Kentaro fica frente a frente com quem realmente odiou seu avô. Uma rivalidade capaz de ser fatal.
Como nas outras partes da série, a arte detalhada de Souichi Sumoto prende a atenção com seus flashbacks, além das expressividades dos personagens por vezes exagerada, algo comum nos mangás para enfatizar emoções.
O volume da JBC apresenta formato 13,5 x 20,5 cm, papel offset, capa cartonada com laminação fosca, orelhas e um glossário sobre termos, lugares e fatos históricos.
Na sua reta final, faltando apenas um número e mantendo o suspense sobre a morte do Kyuzo Miyabe, Zero Eterno cumpre muito bem o seu papel de ampliar os horizontes sobre um tema tão caro ao povo do Japão.
Classificação