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Zombies Calling

16 março 2012

Zombies CallingEditora: SLG Publishing - Edição especial

Autora: Faith Erin Hicks (texto e arte).

Preço: US$ 9,95

Número de páginas: 104

Data de lançamento: Novembro de 2007

Sinopse

Joss é uma jovem estudante fanática por filmes de zumbis, aos quais assiste obsessivamente na companhia de seus dois melhores amigos.

Sua vida seguia previsível e sem grandes desdobramentos, até que uma infestação de zumbis no campus da faculdade a obriga a fazer uso de todo seu conhecimento sobre esses devoradores de cérebros para sobreviver.

Positivo/Negativo

Lançada antes da atual febre por zumbis, a simpática graphic novel Zombies Calling aproveita esse curioso fenômeno no universo da cultura pop para narrar uma aventura que é curtição do início ao fim.

Escrita e ilustrada por Faith Erin Hicks, inicialmente para publicação online, a história acerta em cheio ao retratar a luta pela sobrevivência contra mortos-vivos do ponto de vista de uma aficionada pelo gênero. Joss é uma nerd obcecada por cultura britânica que, se pudesse, passaria os dias assistindo a filmes de terror, até que as criaturas que aprecia surgem à sua frente.

Para escapar com vida dessa terrível realidade, ela conta apenas com seu amplo conhecimento sobre o tema, especialmente o que convencionou chamar de "as regras": padrões que se repetem em todas as histórias de zumbis, e a tornam a pessoa mais qualificada para combatê-los.

Enquanto diversas produções cinematográficas tomam os zumbis como ponto de partida para, em meio a sustos e carnificina, formular críticas à sociedade moderna e comentários sobre civilizações em declínio, Zombies Calling vira do avesso as expectativas do público ao investir em diversão anárquica e despretensiosa.

O texto é bem direto, as situações parecem todas absurdas e os personagens têm carisma. Por ser uma história curta, contudo, não há muito espaço para desenvolvimento de personalidades, e a protagonista não apresenta muito além de suas qualidades essenciais.

Ainda assim, a interação dela com os dois melhores amigos, a gótica Sonnet e o pervertido Robyn, garantem ótimos momentos. Uma cena em especial, com os três deitados discutindo seus medos e experiências sexuais - ou, mais precisamente, a falta delas -, é uma verdadeira lição sobre como escrever diálogos entre jovens.

E claro que esse enfoque emocional funciona perfeitamente em contraponto com os ataques de mortos-vivos sedentos por massa encefálica. Um ponto a se destacar é que não há as tradicionais cenas de violência gráfica que se espera do gênero, o que pode decepcionar um pouco os fãs radicais.

Talvez seja uma opção para manter a história acessível a leitores mais jovens, já que o clima todo é bem desencanado. Não que a trama não seja tensa e imprevisível o bastante, vale dizer. A ação corre solta quando surgem os zumbis, com os três jovens utilizando o que estiver à mão para dilacerá-los - e não faltam momentos de correria e desespero.

Tudo sem se levar a sério, explorando o lado ridículo da crise. Como Joss faz questão de dizer ao enumerar "as regras", até uma simples professora num filme de zumbi se transforma em especialista em armas para chacinar seus oponentes malditos.

A arte de Faith Erin Hicks, em preto e branco nesta edição em formatinho, é eficiente e funciona bem para o clima de adolescentes e monstros da trama. Lembrando um pouco o traço de Bryan O'Malley no sucesso Scott Pilgrim, os zumbis da ilustradora estão entre os mais visualmente inventivos dos últimos tempos, e as figuras humanas seguem o mesmo caminho.

A sensação de movimento nos desenhos é outro ponto alto. A edição também conta com páginas de esboços comentados, o que é sempre um atrativo a mais.

O gibi passa longe dos dramas apocalípticos, e ainda oferece uma explicação para a ascensão dos zumbis que se encaixaria bem em muitos seriados televisivos adolescentes, mas nunca foi pensada antes. Num momento em que se devem festejar abordagens inéditas para temas já bem explorados, Zombies Calling não decepciona.

Classificação

3,5

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