O dia em que Zé Ramalho plagiou o Hulk
Apesar de eu ser um roqueiro nato, curto muita coisa da verdadeira MPB. E os trabalhos antigos do cantor e compositor Zé Ramalho estão dentre os meus preferidos. O que não me impediu de sentir uma ponta de decepção com ele por causa de um fato ocorrido há mais de 30 anos e que envolveu os quadrinhos.
Em 1982, o artista lançou o LP Força Verde, que considero um dos melhores de sua carreira. Acontece que a letra da faixa-título é um plágio descarado da tradução brasileira para um poema do dramaturgo e poeta irlandês W. B. Yeats. A versão tupiniquim foi publicada em 1972, no gibi O Incrível Hulk # 1, pela GEA.
Na HQ, Roy Thomas usou o poema como narração nas primeiras páginas da história, citando o autor, é claro. Mas o Zé Ramalho, que é fã confesso de quadrinhos, se apoderou da tradução e registrou a letra nos créditos do LP como sendo de sua autoria.
O caso foi descoberto tão logo o disco chegou às lojas. A imagem abaixo é da reportagem da Veja divulgando o flagrante de plágio na edição de 21 de julho de 1982.
Meu pai, que era assinante da revista e havia comprado o disco, mostrou-me a reportagem já naquela época – antes de escrever este texto, peguei o LP do acervo dele e conferi a frase "Todas as composições são de autoria de Zé Ramalho" estampada no interior da capa dupla.
Para saber mais sobre esse gibi clássico do Hulk e ler o poema na íntegra, basta dar uma olhada no review que fiz para o Universo HQ, em 2005.