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Universo Paralelo

Recruta Zero, o gibi que queremos de volta às bancas

9 agosto 2019

Fenômeno em longevidade editorial, número de fãs e qualidade artística. Lido, diariamente, por cerca de 200 milhões de pessoas em mais de 50 países.

O humor inteligente, rápido, rasteiro e que envolve os mais diversos assuntos - política, religião, sexo, esporte, sociedade, comportamento humano, guerras, situações cotidianas ou o simples nonsense - nas tiras escritas durante décadas por Mort Walker, é a principal característica de suas aventuras nos quadrinhos, vividas quase na totalidade no Quartel Swampy, o pior (no melhor dos sentidos, para os leitores) do exército dos Estados Unidos.

O preguiçoso Recruta Zero (Beetle Bailey, no original) foi um dos pesos-pesados dos quadrinhos no Brasil durante muitos anos. Ele estreou em 1952, com o nome Recruta 23, na revista A Mão Negra, da Gráfica Novo Mundo.

Estrelou seu próprio gibi de 1962 a 1986 – incluindo almanaques especiais e edições de bolso com tiras -, pela RGE. Nesse período, também foi desenhado por artistas brasileiros em HQs produzidas pela própria editora. Dentre os principais artistas estava Primaggio Mantovi, que a partir dos anos 1970 fez história nos quadrinhos Disney da Editora Abril. Uma curiosidade: o desenhista ítalo-brasileiro sempre assinava seu nome no primeiro quadro das HQs.

Ao mudar para a Globo, em 1987, Recruta Zero teve a numeração recomeçada e ainda ganhou mais um título bimestral, além de coletâneas de tiras em formato pocket. No entanto, não sobreviveu à famigerada onda de cancelamentos do início dos anos 1990, que eliminou das bancas muita coisa boa que deixou saudades.

Em 1995, a Editora Saber entrou novamente em cena para trazer de volta o personagem em edições especiais coloridas, almanaques e um título mensal em preto e branco, que não chegaram a entrar no novo milênio. De 1970 a 1975, a editora havia publicado as tiras do personagem no gibi Zé, o Soldado Raso, em que os nomes dos integrantes da Companhia A foram mudados para não conflitar com o que era publicado na revista regular do Recruta Zero na RGE.

Pela Opera Graphica, Zero ganhou algumas edições em formatinho, nas coleções King Komix e Opera King, a partir de 2001, e um especial gigante de luxo (Ano Um), em capa dura, em 2006 – no mesmo ano, a L&PM publicou dois pockets, assim como havia feito em 1988 e 1991 (ano em que a Sampa também lançou duas edições de bolso do personagem).

Ainda em 2006, a Mythos lançou três números de Recruta Zero em formatinho. Outro luxuoso álbum gigante (Os Anos Dourados) foi lançado tempos depois, dessa vez pela Editorial Kalaco, em 2011.

O último suspiro do personagem nas bancas do Brasil – ao menos por enquanto – aconteceu na Pixel Media, em 2016. A editora publicou um título bimestral em formatinho, de 2012 a 2015. Nesse ínterim – e até 2016 -, foram lançadas quatro edições de O Livro de Ouro do Recruta Zero, coletânea de luxo das melhores tiras, nas versões em capas cartonada e dura. Essas coletâneas apresentaram materiais mais recentes, incluindo as tiras em que Zero e Dona Tetê – secretária do General Dureza – comentam sobre seu relacionamento amoroso (o inesperado namoro começou desde o final da década de 1990 e segue firme e forte até hoje).

E lá se vão 67 anos desde a chegada do Recruta Zero ao Brasil. Aqui, ele construiu uma história tão rica que seus gibis não merecem ter fim nas bancas. Que este hiato seja apenas uma pequena pausa.

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