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Crítica Gavião Arqueiro: uma nova e bem-vinda flecha na aljava

18 janeiro 2022

A minissérie Gavião Arqueiro chegou na Disney+ no final de 2021, fechando o primeiro ano da Marvel Studios com sua incursão em séries e expandindo seu Universo Cinematográfico para além das telas de cinema.

Em Vingadores - Ultimato, é revelado que Clint Barton (Jeremy Renner), desesperado pelo luto, se lançou em missões assassinas como Ronin, executando criminosos ao redor do mundo. Apesar de ter saído dessa vida após o retorno de sua família, as consequências dessas ações batem à sua porta um ano mais tarde.

Ao mesmo tempo, a jovem Kate Bishop (a excelente Hailee Steinfeld) foi inspirada pelo herói durante a invasão à Nova York de 2012, treinando arco e flecha desde criança, assim como artes marciais.

Após o uniforme do Ronin surgir em um leilão clandestino, os caminhos de fã e ídolo acabam se misturando, e ambos embarcam em uma inusitada parceria para solucionar crimes e, o mais importante, fazer com que Barton chegue em casa para o Natal.

Esta última frase revela que a série é assumidamente leve e cômica, fato refletido em sua narrativa, humor e trilha sonora. Claro que o lançamento em dezembro não foi à toa, e o clima natalino permeia a obra.

Renner é bom ator e está confortável no papel, mas o que mais importava aqui era que Kate Bishop conquistasse a audiência. Objetivo tranquilamente alcançado por uma boa construção de personagem, um arco simples e bem conduzido e, principalmente, o carisma e talento de Steinfeld. Injetando jovialidade na tela, ela rouba as cenas e se torna o grande destaque. Uma curiosidade é que a atriz faz a voz de Gwen Stacy na animação Homem-Aranha no Aranhaverso.

A energia em tela aumenta com a chegada de Yelena (Florence Pugh). As interações entre as duas atrizes resultam nas melhores sequências, principalmente no equilíbrio entre comédia e ação. Há uma cena impagável em um elevador, e o humor e sensação de camaradagem gerados ali já são elementos importantes para o futuro das personagens no UMC.

Tudo isso se prova vital para a série, que não tem uma trama bem desenvolvida, atirando para todos os lados quando tenta definir se há um antagonista principal ou se vai tratar de várias subtramas. Nessa confusão, nada acerta o alvo de verdade e o espectador se pega indo até o fim apenas porque o elenco é irresistível. Não ajuda o fato de a ação da série ser abaixo da média. Há coreografias fracas que tentam esconder seus defeitos em cortes excessivos.

Há ainda Eco (Alaqua Cox), líder de um grupo de criminosos que sofreu nas mãos do Ronin. Assim como a atriz, a personagem é surda, mas o bom uso de legendas e linguagem de sinais mantém a narrativa fluída e é mais um passo na importante questão de representatividade. Isso sem contar que a atriz tem uma perna prostética, o que não só não a impede de executar cenas de lutas, mas até de usa-la como artifício nos embates. Infelizmente, o roteiro falha com a personagem ao construí-la com eficácia, e depois a deixa de lado de uma maneira que nem faz sentido. Talvez por intenção de desenvolver tais elementos na vindoura série que carregará seu nome.

Gavião Arqueiro pode não render os momentos mais memoráveis em questões emocionais, mas é difícil não se divertir. A química do elenco mantém o nível de entretenimento necessário para tornar a série algo gostoso de se acompanhar e deixa boas promessas para o futuro dos personagens.

Gavião Arqueiro
Duração: 6 episódios de 40 a 62 minutos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: Rhys Thomas, Bert & Bertie
Roteiro: Jonathan Igla, Tanner Bean, Katrina Mathewson, Heather Quinn, Elisa Lomnitz Climent, Erin Cancino, Jenna Noel Frazier
Elenco: Jeremy Renner, Hailee Steinfeld, Alaqua Cox, Vera Farmiga, Tony Dalton, Linda Cardellini, Cada Woodward, Ava Russo, Florence Pugh, Vincent D’Onofrio, Fra Fee

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