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Filmes

Demolidor mantém a qualidade na segunda temporada

3 maio 2016

A polícia e a promotoria

A promotora Samantha Reyes é uma parte relevante dos primeiros episódios. Ela quer fazer sua carreira – e chegar à prefeitura – acabando com os vigilantes da cidade, fato que começa no final da primeira temporada de Jessica Jones.

Na série atual, ela foi a responsável por uma operação policial malsucedida, na qual os três grupos que são o alvo do Justiceiro (os Cães do Inferno, o cartel mexicano e os irlandeses) estão tentando realizar uma grande venda de drogas intermediada pelo misterioso personagem Blacksmith (que não tem nenhuma relação com o skrull de mesmo nome visto nas páginas de Avengers Initiative), que será comentado adiante.

Reyes não dá ordens para evacuar o parque durante a operação e a família de Castle morre no carrossel, no fogo cruzado das quadrilhas, quando elas são informadas que estavam infiltradas pela polícia. A promotora está acobertando seu erro e sua participação na criação do Justiceiro. Ela apaga documentos, modifica fotos, consegue que o médico legista altere seus relatórios, mente em depoimentos etc.

A promotora repete o erro quando usa Grotto como isca – sem avisá-lo ou a seus advogados – numa cilada para capturar ou matar o Justiceiro, fazendo que os outros envolvidos pensem que se trata de uma operação para pegar o traficante Edgar Brass, na qual Grotto usaria uma escuta, em troca do acordo de proteção a testemunhas. Como já foi dito acima, o Justiceiro está ciente da cilada e prepara um contragolpe.

Samantha Reyes

Mas a verdade vem à tona, graças aos esforços de Karen Page e Foggy Nelson – Matt está envolvido com Elektra e com a volta da Yakuza e do Tentáculo e participa pouco dessa descoberta. O desespero de Reyes em esconder suas falhas para não estragar suas ambições políticas são a razão da sua inimizade com a firma e os clientes de Nelson e Murdock.

Samantha Reyes morrerá assassinada em seu escritório, aparentemente pelo Justiceiro, acreditando que ele quer matar sua filha – na verdade, é um golpe do criminoso Blacksmith, tentando jogar a culpa em Frank Castle. No mesmo atentado, Foggy leva um tiro e é levado ao hospital.

O promotor Blake Tower, um tradicional aliado do Demolidor e de Luke Cage (que na TV é interpretado por Mike Colter), é quem dá nome ao Justiceiro. Na cena em que conversa com Nelson e Page sobre o destino de Grotto, ele revela que a promotoria de Nova York está compilando um perfil do vigilante e que deram a ele um codinome. Foggy pergunta se é "Cretino Armado", ou “Killdozer", e Blake responde: "O Justiceiro" (The Punisher, em inglês).

Na revistas da Marvel Comics, Killdozer é um dos membros da Trindade de Ferro, junto com Heavy Metal Jacket e Steel-Fist, e são inimigos do Falcão e do Homem de Ferro. Ele surgiu em Marvel Super-Heroes (Vol. 2) # 2, em 1990, numa aventura escrita por Danny Fingeroth e ilustrada por Javier Saltares. Se você nunca ouviu falar do personagem, não estranhe, ele é insignificante.

Além disso, Killdozer, ou mais precisamente The Thing called... Killdozer, é o título uma história curta de abril de 1974, publicada em Worlds Unknown # 6, de Gerry Conway e Dick Ayers. Essa HQ é uma adaptação do filme para a TV Killdozer, também lançado em 1974, que se baseou no conto de mesmo nome, de Theodore Sturgeon, de 1944, que saiu originalmente na revista pulp Astounding. É literalmente um trator com pá assassino!

Frank Castle Dead

Numa outra cena, Blake Tower e Karen Page têm uma conversa desqualificando a promotora Reyes e, como nas HQs, termina com o promotor ajudando Page e, por consequência, a firma de Nelson e Murdock.

Tower entrega a ela uma série de arquivos que incluem um enorme raio-x da cabeça de Frank Castle, após ele ter tomado um tiro na cabeça, quando sua família foi massacrada.

Esse raio-x tem uma relevância na trama envolvendo Castle. Além disso, ele aparecerá outras vezes, inclusive como uma ameaça enviada por Blacksmith a Reyes, tentando incriminar o Justiceiro.

Essa será a primeira de algumas referências visuais ao uniforme do Justiceiro. A "caveira" em questão parece até estar estilizada (com a mandíbula fina e desproporcional em relação ao resto do crânio) e é muito sugestiva do design criado por Tim Bradstreet para as capas da revista do personagem.

No oitavo episódio, durante o julgamento do Justiceiro, um dos cartazes de fundo tem o desenho estilizado da caveira e o nome Castle. No nono capítulo, após a luta do Justiceiro na prisão, o padrão de sangue em suas roupas brancas forma uma caveira em seu peito.

Sua transformação se completa no episódio final, quando ele usa um colete à prova de balas com uma caveira grafitada no peito.

Frank Castle

Outro personagem relevante – e que traz muitas referências – é o sargento Brett Mahoney, da 15ª delegacia, interpretado por Royce Johnson, que apareceu na primeira temporada, na qual se estabeleceu que ele é um amigo de infância de Foggy Nelson. Mahoney também foi visto em Jessica Jones, no sétimo episódio, na cena da delegacia, ao lado de Jones (Krysten Ritter), do detetive Clemons, Killgrave (o Homem-Púrpura, tradicional vilão do Demolidor, que se tornou um dos principais inimigos da heroína, e foi interpretado na TV por David Tennant) e outros policiais.

Mahoney é quem revela a Nelson e Murdock, que o massacre dos irlandeses não é o primeiro com aquelas características, logo no primeiro episódio. Numa outra cena na 15ª delegacia, com Foggy e Karen, ele cita um colega, o detetive Oscar Clemons, que dizia que as testemunhas "têm que ser tratadas como cogumelos".

Clemons, que foi interpretado por Clarke Peters em Jessica Jones, é o detetive que morreu no 10º episódio, e surgiu nos quadrinhos em Punisher (Vol. 8) # 1, em 2011. Ele foi criado por Greg Rucka e Marco Checchetto.

Além disso, é Mahoney quem diz que o novo vigilante "está mais para Desejo de Matar do que para o Demolidor", uma referência que não precisa de mais explicações. Uma conversa com Foggy, que leva mais uma vez a uma discussão do conceito do herói vigilante – o super-herói, de uma maneira geral.

Essa discussão sobre o papel da polícia e o vigilantismo é recorrente nos encontros entre Mahoney e o Demolidor. O sargento só muda de opinião, quando o herói lhe convence a assumir a responsabilidade pela prisão do Justiceiro, no cemitério de Green-Wood, para o bem da corporação, o que o leva a ser promovido a detetive-sargento. Segundo Murdock, a população precisa saber que o sistema funciona, e que não é a justiça não está nas mãos dos vigilantes – seja ele Justiceiro ou o Demolidor.

Mahoney apareceu pela primeira vez em Marvel Comics Presents (Vol. 2) # 1, e já era um detetive. Ele foi criado por Marc Guggenheim (um dos showrunners do seriado Arrow, da Warner Bros.) e Dave Wilkins.

Brett Mahoney

Guggenheim escreveu algumas aventuras do Justiceiro, como o arco O julgamento do Justiceiro (The trial of the Punisher), que é uma dos eventos do seriado. Uma das HQs dessa saga se chamava The People vs. Frank Castle (O Povo contra Frank Castle), que é uma frase de Foggy em um dos episódios.

Outra frase usada por Foggy para o processo é O julgamento do século (trial of the century). Este é o título de um arco de três partes na revista do Demolidor (Daredevil # 38 a # 40, escrito por Brian Bendis, envolvendo Hector Ayala, o Tigre Branco – um herói que tem um amuleto místico vindo de K’un-L’un, a cidade do Punho de Ferro. A sucessora de Hector, como Tigre Branco, Angela del Toro, foi mencionada em Jessica Jones.

Foggy Nelson, o eterno amigo de Murdock, surgiu na mesma edição que o Demolidor, em Daredevil # 1, em 1964, criado por Stan Lee e Bill Everett. Nos quadrinhos, durante alguns anos, ele foi apaixonado por Karen Page, mesmo sabendo que ela gostava de Murdock. Além disso, Foggy já foi promotor, e perdeu sua reeleição ao cargo, justamente para Blake Tower.

Nessa segunda temporada, ele se revela um grande advogado, defendendo os direitos de Grotto diante das maquinações da promotora Reyes, durante o julgamento do Justiceiro (praticamente abandonado por Murdock, que está lutando contra o Tentáculo), e a despeito do comportamento de Castle. Sua reputação fica em destaque, apesar da derrota no tribunal, a ponto de receber uma oferta de sua ex-namorada, Marci Stahl (papel recorrente de Amy Rutberg), no quinto episódio, para trabalhar na firma Hogarth, Chao e Benowitz – que já havia aparecido em Jessica Jones.

No último episódio, Foggy se encontra com Jeryn "Jeri" Hogarth (Carrie-Ann Moss), de Jessica Jones, que o recrutará para sua firma, o que significa que ele poderá aparecer em outras séries, como a da heroína e Luke Cage, em setembro.

Nos quadrinhos, Hogarth é um homem e, durante décadas, foi o advogado de Daniel Rand, o Punho de Ferro, e seu parceiro de aventuras, Luke Cage.

Foggy terá que mentir para preservar a identidade secreta de seu amigo, com quem terá muitas discussões sobre sua atuação como Demolidor, seu envolvimento com Karen Page, seu desleixo profissional, seu envolvimento com Elektra, entre outros tópicos. No final da série, Foggy e Matt dissolverão sua parceria e, como consequência, o escritório de advocacia.

O encontro de Foggy e Claire Temple (Rosário Dawson), no hospital Metro-General, também é interessante. Afinal, são duas pessoas que conhecem a identidade secreta de Murdock. Ele está desesperando, tentando saber se Matt está ferido devido a um confronto com o Justiceiro, mas ajudará Claire a impedir um confronto entre dois membros de gangues diferentes no pronto-socorro.

Claire Temple

Claire é uma personagem importante nas séries da Netflix. Ela teve um papel de destaque na primeira temporada de Demolidor e participou de Jessica Jones, ao lado tanto da heroína quanto de Luke Cage.

Uma das consequências de ter ajudado Cage – e que ela menciona na série de maneira sutil – é que ela foi transferida indefinidamente para o turno da noite do pronto-socorro do hospital.

Depois de ajudar Matt com cinco vítimas do Tentáculo, um episódio no qual ela é arremessada pela janela e resgatada pelo Demolidor durante a queda, ela se envolve num conflito administrativo quando o hospital quer ocultar o incidente que terminou com a morte de uma enfermeira. Claire se demite, abrindo a possibilidade de que voltará a aparecer em Luke Cage, num papel similar ao que tinha nos gibis, quando estreou.

O aspecto mais interessante desse incidente é que o médico que está fazendo a necropsia num dos ninjas que ataca o hospital, descobre que ele tem uma cicatriz em Y, no torso, idêntica ao corte feito nesse tipo de intervenção, sugerindo que essa não é a primeira vez que o ninja sobre a mesa havia morrido. Um fato chocante para Claire, mas que se encaixa com a questão da imortalidade ligada aos membros do Tentáculo.

Nas HQs, Claire Temple surgiu em Hero for Hire # 2, a revista de Luke Cage, em 1972, e foi criada por Archie Goodwin e George Tuska. Ela é uma médica que trabalha na clínica do Dr. Noah Burstein (que no seriado da Netflix será interpretado por Michael Kostroff), na rua 42.

Burstein é um médico e cientista responsável pela criação do vilão Warhawk (que lutou com o Punho de Ferro e com os X-Men) e também é o responsável pelos experimentos na prisão de Seagate, que nos quadrinhos resultam na criação dos poderes de Luke Cage.

Numa das aventuras de Claire, nos gibis, ela é sequestrada por Willis Stryker, vilão conhecido como Diamondback, um inimigo de Cage que poderá estar presente na série de TV. Claire foi casada, por um período curto, com Bill Foster, o Golias Negro, herói que morreu na Guerra Civil.

Na TV, a sua personagem é uma mistura da Claire Temple dos quadrinhos, com a Enfermeira Noturna, da revista do Demolidor. Até o momento, ela participou de todas as séries Marvel, da Netflix, e já é presença garantida em Luke Cage.

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