Homem-Aranha 3 aposta mais na tecnologia do que na trama
Bendita tecnologia. Graças a ela, os maiores heróis dos quadrinhos puderam, nos últimos anos, emocionar fãs de todo o mundo com a transposição de seus personagens favoritos para a telona.
Melhor ainda, algumas sagas tiveram direito até a continuação, como o Homem-Aranha, que chega ao seu terceiro longa-metragem, novamente pelas mãos do competente diretor Sam Raimi. A estréia nos cinemas brasileiros será no dia 4 de maio.
Mas o que a tecnologia tornou possível também pode propiciar uma armadilha, caso se esqueça o fundamental numa boa adaptação dos quadrinhos para o cinema: a trama, sempre em função dos efeitos especiais, e nunca o contrário. Este é o único pecado de Spider-Man 3.
Não que seja um filme ruim, longe disso. É diversão pra ninguém botar defeito. Os efeitos visuais são de se tirar o chapéu. Muitos reclamaram queSuperman - O Retorno não teve ação. Aqui, ocorre exatamente o contrário: quase não dá para piscar os olhos.
Então, qual é o problema? É que, diferente dos dois primeiros filmes do aracnídeo, especialmente o segundo - o melhor da série - o excesso de situações criadas neste longa, e até o fato de serem três vilões, cada um com sua origem e peculiaridades, acaba atrapalhando, em termos de narrativa, o resultado final.
É pouco tempo para se desenvolver tantas tramas paralelas - tudo é rápido demais, superficial.
Na história, a vida corre bem demais para Peter Parker (Tobey Maguire): sua garota Mary Jane (Kirsten Dunst) é estrela de um musical, suas notas estão ótimas e, principalmente, toda a cidade de Nova York adora o Homem-Aranha!
Quem conhece o personagem sabe que isso não podia durar muito.
Primeiro, seu ex-melhor-amigo Harry Osborn (James Franco), decidido a vingar a morte do pai, utiliza uma versão atualizada da armadura do Duende-Verde. Depois, um fugitivo da prisão, Flint Marko (Thomas Hadden Church), cai numa espécie de reator em teste enquanto tenta escapar de um cerco policial. O equipamento é ativado e nasce o Homem-Areia.
Pra piorar, o aspirante a fotógrafo Eddie Brock (Topher Grace) rouba o trabalho de Parker.
Não bastasse isso, uma espécie de "gosma" com vida, que surgiu de um meteoro, entra em simbiose com Peter Parker. O Amigão da Vizinhança passa a utilizar um uniforme negro, e suas atitudes tornam-se cada vez mais violentas e desmedidas.
Esse é um dos pontos altos do filme: Tobey Maguire arranca risadas da platéia, como sempre ótimo no papel do nerdPeter Parker, mostrando a drástica transformação na qual surge seu "lado negro", o que rende ótimas gags.
Enquanto o telespectador assiste ao ótimo Homem-Areia, fielmente caracterizado, tentando faturar uns trocados, acaba também conferindo o surgimento do terrível Venom. E Harry Osborn continua querendo sua vingança. Pobre Aranha.
O leitor de quadrinhos vai gostar: além de alguns momentos retirados diretamente das HQs, marcam presença o Capitão Stacy, sua filha Gwen Stacy (a linda Bryce Dallas Howard, filha do diretor Ron Howard, de Apolo 13), J. Jonah Jameson, Tia May, Betty Brant, Robbie Robertson e até uma divertida ponta de Stan Lee, pra variar.
A surpresa um tanto desnecessária fica para a revelação da identidade do assassino de Ben Parker. Enquanto o Aranha se preocupa demais em caçar o culpado, pessoas morrem à sua volta.
Conclusão: a seqüência final (por enquanto) da saga do aracnídeo é um espetáculo de efeitos visuais, provando que não há mais limites para a computação gráfica.
Pode assistir sem medo. Certamente fará grande sucesso nos cinemas. Pena que não empolga tanto quanto as histórias anteriores, ainda que esteja anos-luz à frente de boa parte das recentes adaptações de HQs para a telona.
Homem-Aranha 3
Duração: 139 minutos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Sam Raimi
Roteiro: Sam Raimi, Ivan Raimi e Alvin Sargent
Elenco: Tobey Maguire, Kirsten Dunst, James Franco, Rosemary Harris, J.K. Simmons, Bill Nunn, Thomas Haden Church, Topher Grace, Bryce Dallas Howard, James Cromwell e Dylan Baker.