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Resenha: Capitão América 2 - O Soldado Invernal é mais um marco da Marvel nos cinemas

29 março 2014

Capitão América 2 - O Soldado Invernal é um filme empolgante. O segundo episódio da franquia do Sentinela da Liberdade estreou em vários países da Europa no último dia 26 de março. A estreia nos Estados Unidos está prevista para 4 de abril e só chegará no Brasil no dia 10 do mesmo mês.

A película foi dirigida por Anthony e Joe Russo - que já estão confirmados para a terceira parte dessa série -, com roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely e produção de Kevin Feige.

Esse é o nono longa-metragem do Universo Marvel no cinema e representa mais um marco vencido pelo estúdio desde o lançamento de Homem de Ferro, em abril de 2008.

Dos heróis que a Marvel levou ao cinema em filmes próprios para criar Os Vingadores, o Capitão América era talvez o mais difícil de ser adaptado. Seu primeiro longa-metragem, lançado em 2011, apesar de bem-sucedido, foi a segunda menor bilheteria do estúdio - US$ 370,5 milhões -, ficando na frente apenas de O Incrível Hulk (2008), que arrecadou US$ 263 milhões.

Além dos problemas para representar o uniforme nas telonas, também havia a bagagem histórica e o fato de o personagem ser um símbolo dos Estados Unidos. É um fator positivo no mercado interno deles, mas que poderia ser um problema em outros países, como Rússia e China, por exemplo.

A maioria desses obstáculos foi vencida em Capitão América - O Primeiro Vingador, uma história de origem passada durante a Segunda Guerra Mundial e que, ao seu final, arremessa o herói no mundo moderno.

Capitão América 2 - O Soldado Invernal Capitão América 2 - O Soldado Invernal

Com todos esses problemas no espelho retrovisor, o novo filme se concentra no presente, com a imagem do Capitão América já estabelecida. A história se passa dois anos após os eventos de Os Vingadores, com Steve Rogers (Chris Evans) morando em Washington D.C. e fazendo parte da S.H.I.E.L.D.

Logo de início, Rogers estabelece uma amizade com o soldado veterano Sam Wilson (o Falcão dos quadrinhos), interpretado por Anthony Mackie, mas o breve encontro é interrompido por uma emergência internacional.

O Capitão América, a Viúva Negra (Scarlett Johansson) e uma equipe de assalto da S.H.I.E.L.D., chamada S.T.R.I.K.E., precisa capturar um navio que foi atacado por mercenários comandados pelo franco-algeriano Batroc, interpretado pelo lutador Georges St-Pierre.

O navio em questão, Lemurian Star (Estrela da Lemúria) não é uma embarcação comum: faz parte do Projeto Insight, da S.H.I.E.L.D. Dentre os reféns, está o agente Jasper Sitwell (Maximiliano Hernández). Começa aqui um festival de referências a personagens, eventos e até locais conhecidos dos leitores, que satisfará até o mais nerd dos espectadores.

Na Marvel, os lemurianos são um grupo de atlantes - a raça submarina do Príncipe Namor - que se afastou de suas origens, migraram para o oceano Pacífico e adotaram as ruínas subaquáticas da antiga Lemúria, um império dos Deviantes (uma raça criada pelos Celestiais, cujos maiores inimigos são os Eternos) como lar.

S.T.R.I.K.E. é o nome da versão britânica da S.H.I.E.L.D., com personagens como Dai Thomas e Elizabeth Braddock (que mais tarde se transformaria em Psylocke), no universo principal da Marvel. Já no Universo Ultimate, a organização é o braço inglês da agência liderada por Nick Fury.

No filme, essa equipe de assalto é liderada por Brock Rumlow (papel de Frank Grillo), conhecido nas HQs como o vilão Ossos Cruzados. Outro integrante é Jack Rollins (papel de Callan Mulvey), que nos quadrinhos participou de algumas aventuras da S.H.I.E.L.D., infiltrado na corporação Roxxon, na década de 1980.

Batroc, o Saltador, é um inimigo tradicional do Capitão América, criado por Stan Lee e Jack Kirby em Tales of Suspense # 75 (1966). Nas HQs, ele é um francês especialista no estilo de luta chamado savate.

Capitão América 2 - O Soldado Invernal Capitão América 2 - O Soldado Invernal

A sequência de ataque ao navio é muito boa e estabelece não apenas o tom do filme, mas alguns dos elementos temáticos da película. Enquanto Steve Rogers foi encarregado de salvar os reféns, a Viúva Negra tem uma missão diferente. Ele é o soldado-herói, ético e preocupado com os valores morais; e ela é a espiã pragmática, que vive numa zona de cinza densa.

Liberdade, verdade, democracia, amizade e confiança são elementos fundamentais nessa história, que aos poucos ganha tons mais sombrios e simula o clima de paranoia e desconfiança típico de vários filmes da década de 1970 e também de muitas aventuras do Capitão América, depois que ele não consegue mais confiar no governo de seu país.

A missão revela uma faceta da S.H.I.E.L.D. com a qual Rogers não concorda e isso o colocará em rota de colisão com Nick Fury - mais uma vez interpretado por Samuel L. Jackson - e Alexander Pierce, do Conselho de Segurança Mundial, vivido por Robert Redford.

Redford, atualmente com 77 anos, atuou em filmes clássicos da década de 1970, que são exemplos dessa paranoia governamental, como Os Três dias do Condor e Todos os Homens do Presidente. Nos quadrinhos, seu personagem surgiu em Nick Fury vs. S.H.I.E.L.D. # 3 (1988), como um agente da S.H.I.E.L.D. infiltrado na Hidra para ajudar Nick Fury.

Pierce foi interpretado por Neil Roberts no filme televisivo de 1998, Nick Fury - Agent of S.H.I.E.L.D., com o canastrão David Hasselhoff como protagonista.

O Capitão América não é a única dor de cabeça de Nick Fury. O diretor da S.H.I.E.L.D. será emboscado pelo Soldado Invernal (magistralmente interpretado por Sebastian Stan) e seus asseclas, num ataque que é parte central da narrativa e levará ao primeiro encontro entre o vilão e Steve Rogers.

Se no plano pessoal o confronto entre o Capitão América e o Soldado Invernal é uma dos elementos centrais da trama, por outro lado existe uma história maior, que se inicia na Segunda Guerra Mundial e está ligada ao geneticista Arnim Zola (Toby Jones), que já havia aparecido no primeiro filme.

Zola, em uma nova versão, é quem faz uma narrativa da história da S.H.I.E.L.D. e da Hidra para o Capitão América e a Viúva Negra (e, por consequência, para o espectador) e coloca diversos eventos em perspectiva.

Sem poder confiar na S.H.I.E.L.D., Capitão América, Viúva Negra e o Falcão planejam um contra-ataque. Aqui, o filme muda de tom e de rumo. A ação passa de um thriller nos moldes das aventuras de Jason Bourne para algo mais grandioso, que só pode ser comparado ao longa-metragem dos Vingadores.

Capitão América 2 - O Soldado Invernal Capitão América 2 - O Soldado Invernal

Embora exista um bom desenvolvimento de personagens e tempo e pausas suficientes para desenvolver o enredo, Capitão América 2 - O Soldado Invernal é um filme de ação e, nesse quesito, ninguém vai sair desapontado. Existem muitas cenas de combate entre os diversos protagonistas, sequências de perseguições de carros e até aéreas e um confronto envolvendo três dos porta-aviões aéreos da S.H.I.E.L.D.

O filme relembra personagens do passado, como o Comando Selvagem, Howard Stark (o pai de Tony Stark) e Peggy Carter, mas também introduz muitos outros, como Batroc, Brock Rumlow, Falcão e Sharon Carter (que nas HQs é a Agente 13), interpretada por Emily VanCamp, do seriado Revenge.

Embora a participação de Sharon não seja grande, ela está presente em várias cenas curtas, mas importantes, e certamente estará presente no futuro de Steve Rogers.

Maria Hill (Cobie Smulders) também está na película. A grande ausência do filme é o agente Phil Coulson (Clark Gregg), cujas aventuras podem ser vistas semanalmente na televisão, em Agentes da S.H.I.E.L.D.

A narrativa principal, ligada ao Soldado Invernal, é derivada da obra de Ed Brubaker na revista Captain America. Mas também existem elementos da trama que são homenagens a outras histórias de conspiração, como o material que envolvia o Império Secreto e a Hidra. As histórias de Jonathan Hickman na revista da S.H.I.E.L.D. também foram utilizadas.

A sequência do elevador, na qual o Capitão América luta contra diversos oponentes - vista tanto no trailer do filme, quanto num clipe que foi divulgado -, é uma referência a uma cena de ação da HQ Demolidor - A Queda de Murdock (Daredevil - Born Again), de Frank Miller e David Mazzuchelli, na qual o herói enfrenta vários soldados em circunstâncias similares.

Outra referência que não pode ser ignorada é primeira menção ao nome do Dr. Estranho, Stephen Strange, que já está no radar da S.H.I.E.L.D.

O filme inclui duas cenas de epílogo, que já vazaram na internet. Uma, após os créditos principais, envolve personagens ligados a Os Vingadores 2 - A Era de Ultron e um dos grandes inimigos do Capitão América. Já a outra é mais curta, após todos os créditos, dedicada ao Soldado Invernal.

Além de funcionar como um elo para o próximo filme dos Vingadores, Capitão América 2 - O Soldado Invernal abre muitas portas para a terceira aventura do Sentinela da Liberdade, filme que já está programado para 6 de maio de 2016 e que competirá na mesma data com Batman vs. Superman, da Warner Bros. e DC Comics.

Diante da qualidade desse segundo episódio e da expectativa que está se desenvolvendo em relação a Capitão América 3, a Warner Bros. terá que se esforçar para levar vantagem.

Capitão América 2 - O Soldado Invernal é uma ótima diversão e um bom exemplo de como se deve fazer um bom filme de super-heróis.

Capitão América 2 - O Soldado Invernal
Duração: 136 minutos
Estúdios: Marvel Studios
Direção: Anthony Russo e Joe Russo
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely
Elenco: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson, Sebastian Stan, Cobie Smulders, Hayley Atwell, Emily VanCamp, Robert Redford e Anthony Mackie.

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