Resenha: Homem de Ferro 3 promete mais do que cumpre
Homem de Ferro 3 é o primeiro filme da Marvel Studios após o arrasa-quarteirão de bilheterias que foi Os Vingadores.
Um ano depois, o longa inaugura a segunda fase do chamado Universo Marvel Cinematográfico e, por isso, traz consigo grande expectativa quanto aos rumos e planos para o futuro desses personagens.
Tony Stark é assombrado pela invasão alienígena ocorrida no filme dos Vingadores, e passa a se dedicar ao trabalho para aperfeiçoar ainda mais sua armadura. É quando surge um terrorista internacional chamado Mandarim, que, de posse de uma tecnologia chamada Extremis, faz ataques e ameaças cada vez piores aos Estados Unidos.
Então, Stark se coloca na linha de frente para deter o Mandarim, e acaba se tornando o alvo de um atentado. Agora, sem sua tecnologia, precisa sobreviver e descobrir como impedir o lunático de assassinar o presidente dos Estados Unidos.
Nesta terceira encarnação solo do herói no cinema, o filme é superior ao segundo. Entretanto, as promessas feitas pelos materiais de divulgação e o próprio roteiro acabam perdendo espaço para clichês que enfraquecem o resultado final.
A história começa apresentando propostas interessantes. O vilão é sério e ameaçador - uma espécie de Osama Bin Laden dos super-heróis - e coloca Tony em uma posição até então inédita, na qual se vê sozinho e sem poder se escorar na sua alta tecnologia para escapar das situações. Quem será que faz o herói: o homem ou a armadura?
Infelizmente, tudo isso é logo esquecido. A reviravolta do Mandarim é imperdoável e não faz jus a um dos antagonistas mais clássicos do Homem de Ferro, estragando toda a proposta apresentada até então e deixando margens para questionar se o investimento feito por empresas chinesas teve alguma influência no destino do personagem.
Da mesma maneira, um inimigo caricatural é apresentado e dois clichês saltam à vista por serem recursos hollywoodianos clássicos.
O primeiro aparece logo após Tony Stark escapar com vida de um atentado e acaba sendo ajudado por uma criança, com quem forma uma parceria. Este é um meio bastante utilizado para criar empatia rápida e inequívoca do herói junto ao público - principalmente o infantil -, e pode ser visto em diversos filmes.
Já o segundo está no terceiro ato, na batalha clímax do longa-metragem. O exército de armaduras serve como Deus Ex Machina, um recurso de roteiro utilizado para solucionar, rápida e inesperadamente, um problema em que o herói da história se encontra.
Da mesma maneira em que esse exército de robôs surge repentinamente, é descartado sem dó nem piedade após sua utilidade. Se ele enfraquece a tensão da situação em que o protagonista se encontra, pelo menos vai servir para vender uma boa quantidade de brinquedos diferentes.
A construção dos personagens feita ao longo de quatro filmes (três do Homem de Ferro e um dos Vingadores) é revertida em uma montagem final de cinco segundos que apresentam uma resolução simplista para conflitos que perduravam e moviam suas ações.
No final das contas, Homem de Ferro 3 é um filme divertido, com bons efeitos especiais, cenas de ação como o público espera e momentos de humor típicos de Tony Stark. Mas tudo isso já foi visto em três outros longas.
O que a Marvel Studios tinha em mãos era uma excelente oportunidade de levar a franquia a um novo patamar, e todos os elementos estavam presentes para isso.
Entretanto, acabou se acovardando e traiu a própria história, preferindo apostar em uma fórmula batida que se provou vencedora no passado a expandir a narrativa para um nível além.
A cena extra que já é clássica nos filmes do estúdio se mostra inócua, preferindo arrancar uma risada a mais do espectador do que fazer aquilo pelo que se tornou famosa: expandir seu universo e apresentar tramas e personagens que se desenvolverão em um quadro mais amplo.
Homem de Ferro 3
Duração: 130 minutos
Estúdio: Walt Disney Pictures e Marvel Studios
Direção: Shane Black
Roteiro: Drew Pearce e Shane Black
Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Guy Pearce, Rebecca Hall, Ben Kingsley, Paul Bettany, Jon Favreau, William Sadler, James Badge Dale