Aviso: este artigo lida com fatos do filme O Espetacular Homem-Aranha 2, divulgados na mídia norte-americana, que ainda são inéditos no Brasil. Por isso, aborda acontecimentos que certamente podem prejudicar o prazer de sua futura visita aos cinemas.

 

O novo filme do Homem-Aranha é uma tentativa da Columbia Pictures (empresa que pertence à Sony Entertainment) de construir um universo para o herói capaz de suportar não apenas as suas películas, mas também de outros personagens relacionados.

O Espetacular Homem-Aranha 2 – A ameaça de Electro tenta emular os sucessos mais recentes da Marvel Studios, no que se refere ao “espetáculo”, com muita ênfase na ação e nos efeitos especiais, com cenas grandiosas, que sugerem uma escala maior para os problemas do aracnídeo.

Inicialmente, a trama dá sequência aos eventos do episódio anterior, numa sequência em flashback ligada aos pais de Peter, Richard (Campbell Scott) e Mary Parker (Embeth Davidtz), e sua relação com a empresa de Norman Osborn (Chris Cooper).

De volta ao presente, o Homem-Aranha, mais uma vez interpretado por Andrew Garfield, enfrenta uma gangue russa liderada por Paul Giamatti, que reaparecerá no final, como o vilão Rino.

A Sony já confirmou que Rino estará presente no terceiro episódio da série. A cena com a gangue também serve para introduzir Max Dillon (Jamie Foxx), um engenheiro elétrico que trabalha na Oscorp – a empresa de Norman Osborn – e que depois de um acidente se transforma no vilão Electro.

E é Electro o principal vilão da história. A maior parte trama gira ao seu redor. Ele é caracterizado como um brilhante engenheiro, com pouca autoestima e bastante limitado nas suas habilidades sociais. A caracterização é bastante simplificada e caricatural.

Peter Parker e Gwen Stacy (Emma Stone) ainda estão juntos, mas seu relacionamento é complicado. A vida secreta do rapaz – que não é um segredo para a namorada, uma vez que o herói revelou sua identidade para a moça logo no primeiro filme – é um dos principais problemas do casal.

Como já havia sido divulgado na imprensa, a participação de Shailene Woodley, como Mary Jane Watson, foi cortada da película, embora ela tenha filmado algumas cenas. Uma pena, pois a presença de outra mulher na vida de Peter Parker abriria possibilidades dramáticas para o roteiro.

Mais uma vez, o elemento catalisador do roteiro é a Oscorp. O mistério da morte dos pais de Peter está relacionado à empresa. Electro e Gwen também trabalham lá. Norman Osborn, o presidente da firma, está morrendo e chama seu filho Harry para sucedê-lo.

A sucessão faz parte de uma trama menor, que envolverá Donald Menken (papel de Colm Feore), personagem que surgiu nos quadrinhos em 1983, como o assistente de Osborn. Ele foi criado por Roger Stern e John Romita Jr. No filme ele atua como um "braço direito" mais ambicioso.

Quem atua como a assistente pessoal de Norman é Felícia Hardy, interpretada por Felicity Jones. Ela ajudará Harry Osborn a encontrar os projetos secretos de seu pai. Nos quadrinhos, ela é uma ladra conhecida como Gata Negra.

Norman Osborn, praticamente ausente do filme anterior – embora a sua doença terminal fosse um elemento do enredo –, surge já caracterizado como uma criatura similar ao seu alter ego, o Duende Verde, e está morrendo vitimado por uma doença genética que seu filho também possui.

Harry é introduzido como uma mistura instantânea, um personagem pronto, com uma bagagem que não foi vista pelo espectador, e com um relacionamento antigo entre ele e Peter, que, embora exista nos quadrinhos e na trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi, não foi visto na nova franquia.

Fica a impressão que a história de Harry foi comprimida e apressada.

Desde o início, o enredo deixa claro que a vida de Gwen Stacy está em perigo. Peter Parker tem visões com o pai da moça (Denis Leary), que morreu no primeiro filme, e que desaprovava o relacionamento dos dois, pois não queria que sua filha ficasse exposta aos inimigos do aracnídeo.

Ao longo dos 142 minutos de duração, são introduzidos personagens como o Dr. Kafka (Marton Csokas), do Instituto Ravencroft para Criminosos Insanos; o cientista Alistair Smythe (B. J. Novak); existem menções a J. Jonah Jameson, Venom, os tentáculos do Dr. Octopus e a prisão A Gruta (The Vault).

A despeito das escolhas anteriores, o filme de Marc Webb tinha todos os elementos para criar uma história forte e interessante, mas o diretor não alcança o efeito desejado. A ação e os efeitos visuais são substituem a caracterização mais sutil dos personagens e são usados como antiestressante para evitar o impacto emocional e dramático dos conflitos.

Embora o longa-metragem tenha seus momentos divertidos e até impressionantes, muita ação, efeitos caprichados e algumas poucas surpresas, falta estofo e impacto para o enredo. Os ingredientes estão lá, mas sem um trabalho mais apurado para lapidar o material.

A película funciona como espetáculo para agradar o grande público, mas não deve entusiasmar os leitores tradicionais de Peter Parker.

De quebra, o espectador também poderá ver – no meio da sequência de créditos – uma cena de ação do filme X-Men – Dias de um futuro esquecido, com Mística, William Stryker, Groxo e Destrutor dentre outros. Essa foi a única cena pós-créditos da cópia exibida.

A cena dos X-Men é resultado de um acordo da Sony com a 20th Century Fox para liberar o diretor Marc Webb de compromissos anteriores com o estúdio concorrente.

O Espetacular Homem-Aranha 2 – A ameaça de Electro estreia no Brasil no próximo 1º de maio; e, no dia seguinte, nos Estados Unidos. X-Men – Dias de um Futuro Esquecido chegará aos cinemas nacionais em 22 de maio, também um dia antes do lançamento nos EUA.

O Espetacular Homem-Aranha 2 - A ameaça de Electro
Duração: 142 minutos
Estúdios: Columbia Pictures
Direção: Marc Webb
Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci, Jeff Pinkner e James Vanderbilt
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Sally Field, Jamie Foxx, Dane DeHaan, Chris Cooper, Colm Feore, Paul Giamatti, Felicity Jones, Embeth Davidtz e Campbell Scott.