Sam Raimi continua em ótima forma e o segundo episódio das aventuras cinematográficas do aracnídeo é ainda melhor do que o anterior.

Peter Parker, interpretado por Tobey Maguire, é um azarão atrapalhado. Dividido entre sua carreira como super-herói, seus estudos e sua profissão (ele é o fotógrafo do Clarim Diário), ele não consegue acertar uma.

Está sempre sem dinheiro, não consegue assistir às aulas e muito menos reatar seu relacionamento com o grande amor de sua vida, Mary Jane Watson (Kirsten Dunst).

A causa disso é que ser super-herói não é fácil. Bandido não tem hora pra roubar e acidentes são imprevisíveis, o que dificulta muita a vida de Parker. Situações que o diretor explora bem durante o filme todo.

A situação se complica ainda mais quando os poderes do Aranha começam a falhar nos momentos em que ele mais precisa (o que proporciona, em certas partes, algumas boas risadas).

Some a toda esta confusão, um cientista (o Dr. Otto Octavius), ambicioso que pretende garantir uma fonte de energia limpa e inesgotável para a humanidade; um importante pretendente (o astronauta John Jameson, filho do J. Jonah Jameson, do Clarim Diário) para Mary Jane, que a pede em casamento; e você terá uma idéia das dificuldades que Peter Parker enfrenta em suas duas identidades.

O filme começa já com uma boa surpresa para os leitores de HQs. A abertura utiliza pinturas de Alex Ross, para recapitular a história do primeiro filme enquanto apresenta os créditos.

Sam Raimi conseguiu mais uma vez amarrar diversos momentos da vida do Aranha nos quadrinhos, num roteiro que é original e apresenta surpresas, apesar de ser bastante familiar aos leitores.

Existem emocionantes homenagens à história do Aranha nos quadrinhos, como o momento em que Peter decide abandonar a carreira de super-herói (coisa que o personagem fez diversas vezes nos gibis) e joga seu uniforme no lixo, uma história clássica, extraída da revistaAmazing Spider-Man #50, cuja capa é de John Romita Sr.

E a seqüência final, quando o Aranha repete um feito heróico tirado das páginas de Amazing Spider-Man # 33 (arte de Steve Ditko).

O filme é uma ótima e divertida aventura, que impressiona pelas seqüências de luta entre o Dr. Octopus (Alfred Molina) e o Homem-Aranha, que são de tirar o fôlego, como a batalha sobre o metrô, a céu aberto. Aliás, é bom destacar que Molina está ótimo no papel do vilão.

O Dr. Octopus surgiu nos quadrinhos em Amazing Spider-Man # 3 (de julho de 1963, e anterior à primeira aparição Duende Verde) e é um dos mais importantes vilões que o herói já enfrentou. O filme sintetiza muitos dos confrontos entre o Octopus e o Aranha.

Homem-Aranha 2 impressiona pelo equilíbrio entre as cenas de ação e as mais românticas (e com o humor). O rabugento e frenético Jonah Jameson está impagável, sempre infernizando a vida de Parker.

Personagens do filme anterior como Harry Osborn, Tia May Parker, Robbie Robertson e até Norman Osborn (em flashback) também estão presentes.

Outros personagens dos quadrinhos que fazem pequenas aparições são o Dr. Curt Connors (que nos gibis também é o Lagarto) e Betty Brant.

O difícil é achar algo ruim no filme.

Pode ser que, para alguns leitores, a possibilidade do retorno do Duende Verde num próximo episódio, insinuada neste filme, apesar de fiel aos quadrinhos, seja um ponto fraco.

Afinal, o Aranha tem uma ótima galeria de vilões clássicos que inclui: o Abutre, o Metalóide, Kraven, Homem-Lobo (o filho de Jonah Jameson), o Lagarto (Dr. Curt Connors), o Chacal, o Camaleão, Mystério entre muitos outros.

Como Homem-Aranha 1 e 2, ambos dirigidos por Sam Raimi, são muito bons, basta acreditar que, independente do vilão, a mesma equipe continuará fazendo um bom trabalho.

Homem-Aranha 2 é um filme divertido que vai agradar muito tanto aos leitores de quadrinhos quanto ao público em geral. Imperdível!

Homem-Aranha 2
Duração: 127 minutos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Sam Raimi
Roteiro: Alfred Gough, Miles Millar e Michael Chabon
Elenco: Tobey Maguire, Alfred Molina, Kirsten Dunst, James Franco, Rosemary Harris, J.K. Simmons, Bill Nunn, Donna Murphy, Dylan Baker e Daniel Gillies.

Nota