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Retrato de uma época em Quase Famosos

24 março 2001

Quase FamososUma das maiores qualidades de Quase Famosos, o mais recente filme de Cameron Crowe (de Jerry Maguire – A Grande Virada), é a sua fidelidade à época que retrata.

Baseado na experiência do próprio Crowe, quase autobiográfico, o filme aborda os anos 70, um dos períodos de auge do rock and roll. Quase Famosos reúne um elenco muito afinado, excelente trilha sonora e uma boa história. Tudo isso rendeu duas indicações ao Oscar: melhor atriz coadjuvante (Kate Hudson e Frances McDormand) e roteiro original, de Crowe.

O protagonista é o novato Patrick Fugit, no papel de William Miller, o foca (iniciante em jornalismo) escalado pela revistaRolling Stone, então a “bíblia” do rock, para acompanhar uma turnê da banda Stillwater.

Ao seguir com o grupo, William passa a vivenciar todas as suas experiências, das brigas entre os integrantes ao sucesso nos palcos, passando pelas drogas e noitadas com as garotas. Embora a banda seja fictícia, os fatos relatados são reais, ocorridos com conjuntos como Led Zeppelin e The Who, presenciados pelo próprio diretor/roteirista, já que ele foi editor da Rolling Stone.

William passa a se interessar por rock quando a irmã, após desentender-se com a mãe, sai de casa, deixando-lhe seus discos. Ele vai se envolvendo com a música, começa a escrever para uma revista local, sempre orientado pelo crítico Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman, deNinguém é Perfeito), que realmente existiu e defendia a distância entre jornalistas e astros, sem envolvimentos de amizade.

Ao desempenhar suas tarefas, William era acompanhado de perto pela mãe superprotetora, a ótima Frances McDormand (Garotos Incríveis), que várias vezes o colocava em situações delicadas, por alertá-lo contra as drogas.

Amizade e sexo – William torna-se amigo do líder da Stillwater, Russell Hammond (Billy Crudup, de Amor Maior que a Vida) e isso interfere no momento de escrever sua reportagem. Chega a gerar desentendimento entre os dois, pois ele é considerado o “inimigo” pelos integrantes da banda, já que pode relatar tudo o que vê.

A única escorregadela de Crowe ocorre no final, quando ele redime o roqueiro, fazendo-o se retratar. Pode até ser que de fato isso tenha ocorrido com o roteirista/diretor, mas é algo raro; e qualquer jornalista sabe disso.

William também tem sua iniciação sexual durante a turnê, já que o grupo de fãs, lideradas por Penny Lane (Kate Hudson, de Intrigas), toma para si a tarefa.

Kate está muito bem no papel e, em breve, deixará de ser apontada como a filha de Goldie Hawn. As outras fãs são interpretadas por Anna Paquin (X-Men) e Fairuza Balk (A Outra História Americana).

Para dar verossimilhança à banda Stillwater, Billy Crudup e Jason Lee (Dogma) foram treinados por Peter Frampton, um dos astros do rock da época, que assessorou Crowe durante as filmagens. Os outros dois integrantes da banda, Mark Kozelek e John Fedevich, são músicos de fato.

A trilha sonora do filme é composta por sucessos da época, interpretados por Elton John, Black Sabbath, Simon & Garfunkel, Yes, Led Zeppelin e The Who, entre outros; e músicas originais, compostas por Crowe, Nancy Wilson e Peter Frampton.

Nota

4,5

Links Sugeridos:
Quase Famosos – Site Oficial

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